Arte: Crusoé

José Vicente da Silva Filho: “A máquina de moer jovens continua a todo vapor”

Coronel aposentado da Polícia Militar de São Paulo rebate a ideia de que a violência tem raiz social e explica o sucesso no combate ao crime nos estados do Sudeste
19.01.24

O coronel aposentado da Polícia Militar de São Paulo José Vicente da Silva Filho é um tradicional crítico da abordagem progressista da criminalidade urbana, que acredita que a raiz do problema é social.

A esquerda tem uma tendência muito forte de colocar uma raiz social na violência. Foi daí que se começou a pensar em levar assistência social para as mãos solteiras das favelas, para os egressos do sistema penitenciário, para os egressos do serviço militar“, diz Silva Filho, que é conselheiro da Escola de Segurança Multidimensional da Universidade de São Paulo.

Em oito anos de governo Lula e em seis anos de Dilma Rousseff ocorreram 845 mil assassinatos. Metade deles, uns 450 mil, eram jovens, que foram moídos pela violência. Na maioria, eram pobres e pretos. Ninguém fala disso”, afirmou ele em conversa para o Crusoé Entrevistas, gravada no final do ano passado. “Essa máquina de moer jovens continua a todo vapor.”

Para Silva Filho, que foi secretário nacional de Segurança Pública no governo de Fernando Henrique Cardoso, não há evidências científicas de que essa abordagem social tenha resultados.

Uma das provas do fracasso dessas medidas de cunho social seriam as altas taxas de criminalidade na região Nordeste do Brasil.

Os governos progressistas se concentram no Nordeste, onde estão os piores resultados de violência“, diz ele.

O Brasil tem atualmente uma taxa de 25 homicídios para cada 100 mil habitantes. Na Bahia, são 50 para 100 mil. No Ceará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe e Pernambuco o índice fica em torno de 40 para cada 100 mil.

Além de errar ao dar ênfase na prevenção social, esses estados falham ao desidratar o esforço policial, que é fundamental para dar uma resposta à criminalidade.

Silva Filho destaca que muitas das cidades do Nordeste têm o mesmo perfil populacional da periferia de grandes cidades de São Paulo, Santa Catarina ou Minas Gerais, mas apresentam índices de segurança muito piores.

Além de fortalecer as forças de segurança pública, um das coisas que explica o sucesso nas iniciativas da região Sudeste é a distribuição inteligente do policiamento, que deve ser colocado nas regiões que mais registram crimes.

Neste Crusoé Entrevistas, Silva Filho também comenta o o impacto que as notícias sobre violência têm no medo das pessoas e a crença — segundo ele é infundada — de que as facções criminosas conseguem controlar o tráfico de dentro dos presídios.

Assista à entrevista na íntegra aqui:

 

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  1. É evidente que a impunidade, total ou relativa, é o principal "combustível" da criminalidade. A primeira alimentada pela incompetência/negligência da polícia para elucidar crimes, a segunda decorrente das muitas benesses dadas aos presos, mesmo os homicidas, como redução drástica no percentual do tempo de prisão a que foram condenados com o cumprimento efetivo de menos da metade, assim como as saidinhas, o controle real do presídio na mão dos bandidos (controlam até as chaves das celas).

    1. Marcos, tem pessoas que preferem ver uma entrevista. Particularmente gostei muito de ver essa entrevista pois observar o entrevistado. Se é articulado, se demostra desenvoltura para tratar do tema. Num texto isso não ficaria tão fácil de observar, até porque o jornalista pode ter seu crivo próprio para acentuar ou omitir partes da entrevista que ele não concordou.

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