Ascom/TSEAlexandre de Moraes: relatório condena o ex-presidente, mas inocenta o seu vice

A falsa democracia na república de fancaria

O relatório do TSE, que condenará  Bolsonaro e absolverá general, é a cara da justiça eleitoral brasileira, especialista em morder para assoprar
29.06.23

Os surtos de autoritarismo fora de hora do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, são as mais absolutas evidências da inutilidade das penas de justiças de fancaria, como a nossa eleitoral. Essa punirá um poderoso chefão e inocentará seu vice, et pour cause cúmplice, sem nenhuma razão formal, real ou legal para tanto. Ao contrário, seu desempenho como chefe da intervenção federal na segurança pública do Rio foi nulo. Se, por acaso, o general Braga Netto vier a se candidatar e se eleger prefeito do Rio nunca deixará de ser apenas um pau mandado do capitão, numa inversão de comando até pelas patentes expostas pelas dragonas de ambos. Afinal, o mito que congrega a extrema direita golpista e marginal é o capitão e sempre o será, nunca o general de quatro estrelas.

Ainda que o capitão e mau militar (apud general Ernesto Geisel) venha a ser considerado inelegível por culpa de suas ordens criminosas para o golpe malogrado, nenhuma pena que lhe for aplicada, pela máxima das quais ficará inelegível por oito anos, será suficiente para expulsá-lo do palanque dos negacionistas da direita estúpida. Por enquanto, nada lhe for imposto para tirá-lo de circulação e das eleições, punição adequada para os delitos contra a cidadania por ele cometidos. Penas meramente eleitorais são placebos jurídicos que a experiência dos tempos mostrou serem insuficientes para tirar das disputas pelo voto delinquentes com a folha corrida que Jair Messias reuniu ao longo de suas práticas criminosas no discurso, nos decretos e nas omissões. Sendo que seu adversário ideal e como tal reconhecido, Lula do PT, foi condenado, cumpriu pena na cela de luxo da Polícia Federal, tendo, ainda assim, sua candidatura presidencial oficializada. E tomado posse de um mandato que permitiu colocar mais um afilhado do papaizão no poder que é dito supremo e age como tal, por que seria ele punido com algum, mesmo que mínimo rigor. Por que os mesmos maiorais que controlam os pesos da balança de Têmis não garantiriam a mesma disputa desleal que poderia levar o atual presidente cumprir o quarto mandato ou ser autorizado a disputar com o previsível perdedor mais uma refrega? Em mesmo uma justiça venial como a desta república de fancaria seria capaz de impedi-lo. Ou será? É o que veremos com o passar do tempo.

Seja qual for o resultado final do processo eleitoral, haja ou não consequências na Justiça criminal, algo, contudo, muito mais importante do que elas: a continuação do desgoverno Lula com seus 37 ministérios e sua vocação turística permanente com motivações absolutamente inconsistentes. Por exemplo: a visita ao papa em Roma para buscar seu apoio aos países ricos, em sua maioria, ateus ou protestantes, para financiarem a bilionária preservação da Hileia submetida ao crime impune de garimpeiros ilegais no extermínio dos chamados povos originários, hoje mais próximos do fim do que da preservação teoricamente desejada. O outro lado da moeda, ou seja, a ajuda que o Estado brasileiro pode dar à Igreja Romana para deter a sangria desatada de seus prosélitos para as milionárias seitas evangélicas que não têm a menor timidez de atender aos pleitos populares por uma religiosidade mais apropriada às carências do povão e menos interessada em adaptar o Evangelho ao discurso marxista leninista da teologia católica da dita libertação, à qual o presidente brasileiro está mais afeito. Principalmente depois da influência exercida na cúpula do governo em teoria esquerdista.

No embarque para as viagens ao exterior ou no desembarque de volta ao lar nada doce lar, uma realidade áspera e espinhosa esperam suas decisões tomadas para saciarem a fome insaciável de recursos públicos para encher as burras dos coronéis da politicalha interna, afeita a orçamentos secretos e outros truques sórdidos para aumentarem suas posses e, em consequência, de seu poder político. Com o Centrão de Lira lhe bafejando o cangote a frágil democracia socialista se perde em conjecturas, que em nada facilitam a vida complicada dos mandatários do Executivo na relação com o Legislativo e o Judiciário nada pias nem caridosas do acúmulo de moedas e posses da velha tradição imperial ou republicana deste país sem governo nem ética. É assim que a banda toca na procissão, que continua marchando na direção definida no título do romance de Deonísio da Silva, Avante, Soldados: para trás. Não há prédica que desvie do abismo nem novena que evite a catástrofe.  Não haverá solução, salvação nem libertação a serem imploradas a teologia nenhuma. Amém.

 

José Nêumanne Pinto é jornalista, poeta e escritor

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  1. O vagabundo pau mandado de ditadores ladrões bosteja o cérebro pôdre pu a bílis infecta? Zé Nêunane vai lamber xuxu capacho cínico

  2. Confesso que tive que buscar no dicionário o sentido da palavra "fancaria". E, agora posso dizer que ela descreve bem o que o TSE está fazendo. E, é claro que estamos sendo regidos por um sistema caótico onde Deltan é cassado em 60 segundos, por unanimidade baseada em suposições. Me senti injustiçada e me vejo caminhando para o abismo que Lula cavou junto com seus soldadinhos.

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