ReproduçãoNikolas Ferreira, que deve disputar a prefeitura de Belo Horizonte

2024 já começou

Articulações para as próximas eleições municipais já estão no radar dos principais partidos, que veem o pleito como prévia de 2026
29.06.23

Nesta sexta-feira, 30, o ex-presidente Jair Bolsonaro deve ter a sua inelegibilidade por oito anos decretada pelo Tribunal Superior Eleitoral. Até ontem, quatro ministros haviam se manifestado no julgamento: três deles decidiram condenar Bolsonaro por abuso do poder político no pleito do ano passado: o relator do processo, Benedito Gonçalves, e os ministros recém-chegados à corte Floriano de Azevedo Marques e André Ramos Tavares. Apenas Raul Araújo votou em sentido contrário. A tendência é que nesta sexta, Nunes Marques acompanhe Araújo, enquanto Cármen Lúcia e Alexandre de Moraes optam por afastar Bolsonaro do jogo eleitoral até 2030. Vai se encerrar com isso um capítulo de nossa história política recente, mas a novela prossegue. Pode-se dizer que com o fim do julgamento, começa imediatamente o ano de 2024, ao menos para os caciques partidários. Eles passarão a desenhar suas estratégias para as eleições municipais do ano que vem, procurando estimar a força do ex-presidente agora numa nova posição, a de cabo eleitoral.

Partidos grandes como PL, PT, MDB, PP, Republicanos e PSD enxergam o pleito municipal como uma prévia das disputas pelas Assembleias Legislativas e pela Câmara Federal em 2026. Afinal de contas, quanto maior o poder de barganha dos prefeitos, maior a capacidade dos partidos de elegerem deputados federais; quando maior a bancada, maior o poder de barganha ao próximo ocupante do Palácio do Planalto.

O PL de Jair Bolsonaro vislumbra ocupar o lugar de partido com o maior número de prefeituras. Hoje, a sigla tem 345 prefeitos. A meta é chegar a pelo menos 500. O MDB historicamente é a sigla com maior capilaridade regional: 784 cidades são administradas pelos emebistas.

Publicamente, Bolsonaro diz e continuará dizendo que a inelegibilidade é uma injustiça contra ele. Nos bastidores, contudo, ele já se confomou com a situação. A pessoas próximas, tem dito inclusive que está feliz na nova função de “fazedor de candidatos”. Ele será a peça-chave para a definição das principais candidaturas do PL. Terá poder decisório sobre todas elas. Em São Paulo, por exemplo, o partido de Valdemar Costa Neto deve indicar o vice numa chapa com Ricardo Nunes (MDB), que buscará a reeleição. A expectativa é que o vice seja Fábio Wajngarten, ex-Secretário de Comunicação de Bolsonaro e ainda hoje um de seus colaboradores mais próximos e fieis.

O PL vai lançar candidatos próprios em pelo menos 20 capitais, entre as quais Rio de Janeiro, Goiânia, Belo Horizonte, Fortaleza, Recife e João Pessoa. No Rio de Janeiro, a disputa está entre o ex-vice na chapa de Bolsonaro, o general Braga Netto, e o senador Carlos Portinho. Em Goiânia, o partido deve apostar no polêmico deputado bolsonarista Gustavo Gayer. A mesma coisa deve ocorrer em Minas Gerais – Nikolas Ferreira deve disputar a prefeitura de BH. Em Fortaleza, o PL pretende lançar o deputado André Fernandes, autor do requerimento da CPMI de 8 de janeiro. Em Recife, quem desponta é o ministro sanfoneiro Gilson Machado. Em João Pessoa, o ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga.

A ideia é que Jair Bolsonaro suba ao palanque de todos e faça o corpo-a-corpo em relação aos seus principais nomes. Porém, integrantes do PL admitiram a Crusoé que a tática traz um risco. O eventual fracasso dessas candidaturas poderia sinalizar o enfraquecimento do bolsonarismo e, consequentemente, de um candidato apoiado pelo ex-presidente em 2026.

O PT ainda não definiu candidatos, mas já há algumas diretrizes. O partido vai lançar nomes competitivos nas cidades com mais de 100 mil habitantes. Nas capitais, contudo, vai disputar com nomes próprios apenas naquelas em que tiver chances de vitória. Nas demais, vai apoiar aliados do PDT, PSB e até Psol. Tudo de olho em formar uma base eleitoral substancial para fomentar a candidatura de Lula à reeleição em 2026.

Quem conhece o PT sabe que a formação de uma base de apoio à reeleição de Lula passa por uma questão histórica da sigla, que é o quanto o PT está disposto a renunciar ao protagonismo em nome de um projeto maior. O maior exemplo é São Paulo. Guilherme Boulos deverá ser o candidato apoiado pelo PT, porque Lula fez essa promessa ao Psol nas eleições do ano passado. Mas os petistas de São Paulo resistem ao arranjo e buscam meios de miná-lo.  Secretário de comunicação do PT, Jilmar Tatto quer ser ele mesmo ser o nome do partido na briga contra Ricardo Nunes.

Entre as capitais, o partido pretende lançar nomes apenas em cidades como Rio de Janeiro (Marcelo Freixo), Belo Horizonte (deputado federal Reginaldo Lopes) e Curitiba (o líder do partido na Câmara, Zeca Dirceu). Mesmo que essas candidaturas não sejam vitoriosas, o PT acredita que elas serão importantes para fazer propaganda do mandato Lula 3.

Nas discussões internas do PT, o fracasso nas eleições municipais de 2020 ainda é estudado. Na ocasião, a sigla perdeu 11 das 15 disputas de segundo turno a que chegou nas capitais, sendo que os 4 que saíram vitoriosos buscavam a reeleição. Algumas lideranças petistas defendem até mesmo que  Lula não suba ao palanque em determinadas cidades para não nacionalizar a campanha, o que poderia atiçar o antipetismo, em alguns casos, e jogar fracassos na conta do presidente, em outros.

Fora dessa polarização, dirigentes de partidos do Centrão – principalmente os mais ligados à direita – acreditam que haverá uma distribuição maior de prefeituras entre siglas como o PP, PSD e Republicanos. O PP tem hoje 685 prefeituras e dirigentes da sigla também sonham em desbancar o MDB. O PSD, com 654 prefeituras, também tem essa meta. Já o Republicanos acredita que pode saltar dos 211 prefeitos para até 300, nas projeções mais otimistas.

Na análise de dirigentes partidários ouvidos por Crusoé, o fato de essas siglas não fazerem parte da polarização esquerda-direita pode ser importante para o crescimento delas.

“É possível que haja influência da polarização nos grandes centros. Mas eleições municipais são muito específicas. No Nordeste, na última eleição, travamos uma disputa com Marília Arraes. Lula fez campanha em favor dela do começo ao fim, mas quem venceu foi nosso candidato João Campos. Então, cada eleição tem a sua história”, disse Carlos Siqueira, presidente do PSB.

“A polarização já não influiu em 2020. Talvez em uma cidade ou outra, mas no geral não acredito que vá acontecer no ano que vem”, diz o presidente do Republicanos, Marcos Pereira, seguindo uma linha semelhante de raciocínio.

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  1. Torço para que o Boulos de m. vença, a Capital de SP merece passar por essa… experiência. Já em BHz parece que são favas contadas, o rapazote lacrador deve levar. Apesar de eu ser #antipt até a unha do quinto dedo do pé esquerdo, não consigo entender como alguém é capaz de depositar sua confiança em um sujeito que só faz graça e ainda pede aos eleitores que “façam pix” para si e para outros honrarem suas “broncas”. É a famigerada “transferência de renda para os mais ricos”. Só os otári0s caem.

  2. A política é uma droga que não há clínica de recuperação que se possa curar esse mal. Destrói a moral, deturpando os verdadeiros valores humanos. O nosso Congresso é uma Cracolândia onde essa droga é consumida em profusão, a fim de alcançar o êxtase do poder. Quanto ao destino do país é um buraco cada vez mais fundo.

  3. A eleição municipal será o início da destruição do poder criminoso, a oposição já entendeu e se articula para livrar o país de vez da quadrilha que destrói o Estado brasileiro e quem é do ramo entende que dificilmente isto acaba em paz diante das barbaridades e crimes cometidos ainda sob a rendição do poder legislativo ainda capaz de frear os ditadores apodrecidos do país e isto fatalmente será feito ou teremos o caos institucional já sob claras vistas ... juízo senhores .. juízo !!!

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