Henryk Kotowsk via WIkimedia CommonsO único jeito de sustentar o ideal comunista é através da imposição, ou seja, a ditadura. Um não existe sem o outro.

O comunismo não existe sem ditadura

É crucial entender como o comunismo, em sua aplicação prática, tende a concentrar o poder nas mãos de uma elite governante
22.03.24

Quanto tempo você consegue ficar sem energia? Já imaginou enfrentar um apagão de 18 horas várias vezes por semana? O estrago que isso causaria no seu trabalho? E chegar ao supermercado e não encontrar comida disponível para levar para casa? Sem saber o que preparar para o jantar dos seus filhos? Como seria essa vida? Parece uma distopia, mas essa é a realidade de quem vive em Cuba.

No domingo, 17, em Santiago de Cuba, a segunda maior cidade da ilha, “energia” e “comida” foram as palavras de ordem do protesto que levou centenas de manifestantes às ruas. A escassez de alimentos e os apagões são alguns dos resultados de uma ditadura comunista que rege o país há mais de seis décadas.

Além das consequências visíveis, é crucial entender como o comunismo, em sua aplicação prática, tende a concentrar o poder nas mãos de uma elite governante. Nesses regimes, partidos políticos únicos controlam todos os aspectos da vida pública e privada, restringindo severamente as liberdades individuais. A falta de pluralismo político e a ausência de mecanismos eficazes de prestação de contas resultam em um ambiente opressivo, no qual a dissidência é reprimida e a liberdade de expressão é sufocada.

Quando pensamos nessa situação caótica, é natural imaginar que a solução mais óbvia seja protestar nas ruas contra o governo. No entanto, isso não é uma opção simples, devido à grave repressão policial imposta pelo próprio governo. O último grande protesto contra o regime comunista em Cuba ocorreu em 2021 e resultou na condenação de mais de 400 pessoas a penas de 10 a 18 anos de prisão, simplesmente por lutarem por liberdade. A existência da possibilidade de ser preso ao se manifestar ilustra a gravidade dessa realidade.
“Mas isso deve ocorrer em Cuba não devido ao comunismo, mas sim à ditadura que o país enfrenta”. Será mesmo?

Na verdade, a resposta é justamente a oposta. Um regime comunista prega a ideia de uma sociedade na qual os meios de produção, distribuição e troca de bens e serviços são de propriedade coletiva ou estatal, em oposição à propriedade privada. E a propriedade privada é um dos valores mais primordiais de uma sociedade livre, já que ela garante aos indivíduos o direito de possuir, controlar e usufruir dos frutos do seu trabalho e esforço pessoal. Isso não apenas estimula a iniciativa e a criatividade, mas também proporciona um ambiente no qual a competição saudável e a diversidade de ideias possam florescer.

Por isso, o único jeito de sustentar o ideal comunista é através da imposição, ou seja, a ditadura. Um não existe sem o outro.

E é claro que com o avanço das ideias comunistas, a propriedade é o primeiro direito a ser violado. Mas logo depois vêm vários outros, como a liberdade de expressão, com a proibição da divulgação de ideias opostas ou até mesmo regulamentação e proibição de redes sociais; a liberdade de associação e organização, com a proibição de grupos de protestos; a liberdade econômica, com a estatização de todos os principais meios de produção; e por fim, a liberdade política, que é o mero direito de escolher quem dita as diretrizes a serem seguidas em seu país.

Um exemplo disso é o que temos visto recentemente na Rússia. Há poucos dias, ocorreram “eleições” em que Putin venceu com 87% dos votos, e agora continuará no governo até 2030. Com a maioria dos candidatos da oposição presos ou mortos, esse número não surpreende ninguém. Isso só comprova que em nome dos ideais comunistas, o povo russo não tem o direito de questionar seu governo, pois sabemos bem o que acontece com quem decide fazer oposição, e nem podem escolher seu governante, porque não há mais liberdade política neste país.

Também podemos falar da distopia existente na Coreia do Norte. Sob o regime comunista liderado pela dinastia Kim, o país enfrenta uma repressão brutal e sistemática das liberdades individuais. A população norte-coreana vive sob um controle rígido, em que as liberdades de expressão, associação e escolha política são severamente restringidas. As eleições são meramente simbólicas, com o governo exercendo um controle absoluto sobre o processo político e a vida dos cidadãos. A falta de direitos básicos e a imposição de um pensamento único ilustram como o comunismo resulta em uma sociedade repressiva e sem liberdade.

Apenas a liberdade é compatível com a democracia. Falar em comunismo e democracia é uma incongruência lógica. Ambos não coexistem. Não há espaço para democracia em países que optam por seguir a cartilha ideológica marxista. Quem defende o oposto ou vive numa cegueira ideológica vendida como moralmente correta, ou é mal intencionado! É por isso que sempre precisamos permanecer vigilantes, pois os avanços dos ideais comunistas em qualquer esfera ou grau de liberdade representam uma ameaça para uma sociedade livre.

 

Anne Dias é advogada, presidente do Lola Brasil, diretora do Programa de Núcleo do Lola Internacional (Ladies Of Liberty Alliance)

 

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  1. Russia não tem um regime comunista, mas justamente o oposto. As ideias do Putin vem da direita de pensadores da epoca da gurra civil no anos 20

    1. O que se discute neste artigo é a comparação do comunismo com a repressão da liberdade. Isso está presente no Comunismo e no Socialismo disfarçado. Putin se compara a Canez, Maduro e outros ditadores.

  2. A Federação Russa experimentou algo parecido com democracia com Boris Iéltsin. Depois veio Putin que transformou o país numa República das Bananas com Arsenal Nuclear. Não tem sentido a autora chamar este país de comunista.

  3. Perfeito. Não é por acaso que o Lula de associa frequentemente com ditadores e autocratas. O Petrolão é o Mensalão são exemplos de como ele frauda a democracia e compra o parlamento, além do notório aparelhamento do aparato estatal, inclusive do STF, pra se garantir no poder

  4. Gostei. Fica o alerta ! E que não nos calemos jamais . Vigilantes e ativos no exercício da cidadania. Acorda, Brasil .

  5. Dias atrás conheci um Canal de uma cubana que conseguiu fugir. Mais tarde conseguiu trazer sua família para Curitiba Ela e seus familiares adoram visitar supermercados e farmácias! Nunca viram nada igual. Trabalhando agora como diarista se sente abençoada por ganhar mais que um médico em Cuba. E se perguntar sobre nosso custo de vida ela ri, pois lá no seu país, nem com preços exorbitantes não podem comprar nada além do fornecido pelo governo. Só com dólar, quando algum familiar manda de fora.

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