Jamile Ferraris / MJSP via FlickrRicardo Lewandowski, em coletiva sobre Marielle: nunca faltou razão à esposa da vítima

As presepadas de Lula e seu ministro da insegurança

Viúva dá bronca em ministro por tentar aproveitar-se da morte de Marielle e móveis do palácio são encontrados, ao contrário de fugitivos de Mossoró
22.03.24

O ex-presidente Jair Bolsonaro e o atual meio-presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, têm muito mais interesses comuns do que poderia sonhar nossa vã filosofia: um precisa do outro pela simples razão de que é o opositor que mais favoreceria a irreversível vitória de um ou de outro na lamentável polarização que fragiliza nossa democracia de conveniência.

Sim. Isso é muito conveniente para ambos, mas não quer dizer que não seja negligenciado pelo eleitor. Tanto que os índices de popularidade do sócio de Arthur Lira nesta republiqueta de fancaria caem de forma irreversível neste instante. Embora mais este indício de bolsolulismo não seja sua única causa.

A dança de cadeiras de Flávio Dino e Ricardo Lewandowski do Supremo Tribunal Federal (STF) para o Ministério da Justiça e da Segurança Pública e vice-versa (sem participação de Geraldo Alckmin, por suposto), não tem contribuído para a paz de espírito do ex-sindicalista petista. Enquanto os processos que deveriam decretar o encarceramento do capitão ex-terrorista e depois golpista, pregado pelo desembargador aposentado da justiça paulista Walter Fanganielo Maierovitch, o atual ministro da Justiça e, para desgraceira generalizada, manda-chuva da Segurança Pública, sofre de uma combinação nefasta de inexperiência com total falta de sorte de arrepiar o hirsuto maxilar de seu chefão. Assim que se ausentou do conforto de antes, quando sempre foi servido pelo “capinha” ao lado, o ilustre jurisconsulto foi convocado a resolver a primeira fuga de um presídio dito de segurança máxima, mas, de fato, mínima ou mesmo inexistente, deste Pindorama do salve-se quem fugir.

Na entrevista coletiva convocada para comunicar o 34º dia da fuga dos carrascos da facção criminosa fluminense Comando Vermelho, Deibson Nascimento e Rogério Mendonça, do presídio sem muralha de Mossoró, Lewandowski informou ao distinto público pagante, que tem assegurado seus ricos proventos, que reservava novidade importante sobre o caso Marielle Franco, executada no centro do Rio de Janeiro em 17 de março de 2018, há seis anos. E anunciou a homologação da delação premiada pedida pelo Ministério Público (MP) e pela Polícia Federal (PF)  do acusado do assassinato, o ex-PM Ronnie Lessa, por Alexandre de Moraes. Não ornou nem honrou seu currículo e ainda despertou a ira da viúva Mônica Benício, que reclamou de falta de respostas e da disputa de protagonismo no episódio. Ela não economizou na bronca. Disse que a “declaração do ministro em nada colabora e apenas aumenta as especulações e uma disputa de protagonismo político, que não honram as duas pessoas assassinadas”. Não me parece ter havido nenhum exagero ou descortesia de sua parte, não lhe faltando razão nenhuma. A não ser que Sua Excelência tenha desempenhado o papel de porta-voz do mais celebrado dos ministros do STF, Alexandre de Moraes. Aliás, choveu no molhado: a notícia é velha, tendo pela primeira vez sido dada pelo jornalista Guilherme Amado, do site Metrópoles e confirmada pelo Estadão. Aliás, foi a citação do deputado Chiquinho Brazão pelo assassino Ronnie Lessa, que motivou o deslocamento do processo do MP e da polícia civil fluminense para o STF. É estranho que Lewandowski, bravo combatente da armada de Gilmar Mendes, dê agora tanta relevância à delação premiada, que nunca pareceu ser de sua especial apreciação nos julgamentos e pronunciamentos acompanhando o colega na Suprema Corte quando se tratou de libertar Lula na Operação Lava Jato para concorrer à eleição em 2022.

Mas não faltaram aplausos ao jurisconsulto do meio desgovernante. A irmã da vítima, Anielle Franco, celebrou a notícia antiga como se fosse um furo de reportagem. Afinal, a destacada na revista americana Time, é ministra da Igualdade Racial do petista. Correto?

Notícia nova é que todos os 261 itens após Lula haver acusado Bolsonaro de sumiço, apareceram. Como a Margarida, da canção de Gutemberg Guarabira. Os móveis estavam no mesmo Palácio Alvorada, do qual nunca desapareceram. Mas o casal presidencial gastou R$ 197 mil de dinheiro público para repor o que nunca foi retirado. O acusado pelo desaparecimento do que não desapareceu, Jair Bolsonaro, chamou o caso de “falsa comunicação de furto”. E a presepada ganhou manchete no UOL. Não há, contudo, notícia do comentário de algum ministro nem de um pedido de desculpa pela injusta acusação. Vôte, dir-se-ia em Caetés (PE).

José Nêumanne Pinto é jornalista, poeta e escritor

 

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  1. Um misto de incompetência com hipocrisia para comandar a pasta mais sensível pro país. Vai dar certo!

  2. Caso não fosse triste, seria hilário esse cara.... é o rei das obviedades.... só dá declarações óbvias e ululantes.... como é que um corvo desses pode ser """ministro""" e ainda de de 2 gêneros de atuações.... é inacreditável!!!

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