Alessandro Vieira: “Em Brasília, chegamos à naturalização do absurdo”

Segundo o senador, o Poder Legislativo tem sido omisso ao não utilizar instrumentos de pressão para lidar com o STF
10.05.24

O senador Alessandro Vieira (MDB-SE) é um daqueles parlamentares que conseguem exercer com muita dignidade a tarefa de fiscalizar os outros poderes.

Na semana passada, Vieira apresentou um requerimento – via Lei de Acesso à Informação – para obter detalhes sobre quem custeou a participação do ministro Gilmar Mendes em ao menos onze eventos realizados no último ano no Brasil e no exterior. Vieira alega que não existem informações transparentes sobre conflitos de interesse que a participação de um ministro do STF nesses eventos possa acarretar.

A pedra basilar do judiciário é a credibilidade. E a conduta de determinados ministros, ela vem progressivamente destruindo essa credibilidade. Se chegou em Brasília hoje a um nível de alienação da sociedade, de distanciamento dos ministros em relação à sociedade que eles sequer percebem o que estão fazendo. É a naturalização do absurdo”, disse o parlamentar a Crusoé Entrevistas.

Eles tornam natural participar de jantares, festas, convescotes com condenados e processados, eles acham natural ter parentes atuando em processos que eles mesmo julgam; eles acham natural receber vantagens direta ou indireta de pessoas que têm interesses em processos que tramitam na Corte e não dão nenhuma explicação”, complementa.

Para Vieira, o Poder Legislativo tem sido omisso ao não utilizar instrumentos de pressão como, por exemplo, pedidos de impeachment de ministros do STF. Ele  assevera, no entanto, que o trabalho de fiscalização do Poder Judiciário deve ser calcado não em uma batalha ideológica, mas em aspectos técnicos.

O que vejo aqui é que há uma batalha ideológica”, diz ele. “E aí você paralisa tudo. Existem coisas muito sérias para tratar com relação ao Poder Judiciário. E bastaria que as obrigações que são impostas aos magistrados de primeira instância também valessem para os juízes de órgãos superiores.

Se um juiz de primeira instância vai para um resort cinco estrelas, financiado pelo réu de alguma causa que ele vai julgar, ele sumariamente vai ser afastado por decisão do CNJ. Mas para os ministros, sequer há corregedoria. Não há qualquer ferramenta de autocontenção. E isso é extremamente negativo”, acrescenta o senador.

 

Assista à entrevista completa:

 

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  1. Parabéns Senador Alessandro Vieira. Único senador que tem a coragem de falar dos desmandos desse STF sem credibilidade. Conseguiram promover a insegurança jurídica ao país inteiro. Uma vergonha.

  2. Parabéns ao Senador Alessandro Vieira, se todos fossem como ele esta pouca vergonha que é o STF já estaria corrigida e muitos desses ministros exonerados e até presos pelas atitudes não convencionais que diuturnamente praticam. Vamos senadores, cumpram a sua função. Acabem com essa pouca vergonha!

  3. Um das causas de todas essas disfuncionalidades no Tribunais Superiores tem origem no excesso de advogados(militantes) que são indicados e aprovados para os cargos de ministros,em detrimento de juízes de carreira. Brasília se transfromou num grande incesto coletivo...

  4. Muito boa iniciativa do Senador Vieira. Tem que botar ordem nessa bagunça! Vc hexa de blindagem mútua em prol da harmonia constitucional

  5. Sempre muito bom ouvir o senador. Quem dera um dia termos a maioria dos politicos com a mesma seriedade que tem o Sen. Alessandro Vieria.

    1. Havia o Senador Reguffe, mas, pelo jeito, decepcionou-se tanto com a política que resolveu sair. Dos que estão lá, não escapa nem Sergio Moro, pois ele está com a guilhotina sobre sua cabeça.

    2. Havia também o Reguffe que deixou a política que, no Brasil, não é para gente de bem. Pelo menos há muito poucos lá, como o Senador Vieira

    3. Havia mais um, o senador Reguffe. Parece que a decepção foi tão grande que saiu da política que, no Brasil, não é pra gente de bem.

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