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Depoimento na íntegra: o que disse o ‘ajudante’ do hacker

01.10.19 17:54

“Walter mencionou ao declarante que teria vendido informações para o site O Antagonista sobre a delação premiada envolvendo Ministro do STF Dias Toffoli.” Assim está transcrito o trecho do depoimento prestado à Polícia Federal na última quarta-feira, 25, pelo estudante de direito Luiz Molição, de 19 anos, um dos presos na segunda fase da Operação Spoofing, na qual é investigada a invasão do aplicativo Telegram de centenas de autoridades do país.

Como Crusoé mostrou mais cedo, Molição, sempre mencionando conversas que teria travado com o hacker Walter Delgatti Neto, relacionou a reportagem “O amigo do amigo de meu pai” ao escândalo da invasão. O estudante, que atuou como uma espécie de ajudante do hacker, afirmou que “teria repassado para o site O Antagonista a informação sobre o codinome ‘O amigo do amigo de meu pai’ que era utilizado para identificar o ministro Dias Toffoli”. Para além do absurdo da declaração — leia nota publicada mais cedo pelas redações de Crusoé e O Antagonista —, o estudante de direito falou sobre outros assuntos. Tivemos acesso à cópia do depoimento (aqui, a íntegra do documento). A seguir, os principais trechos.

A ajuda de Chiclete

Sempre citando relatos feitos a ele por Vermelho, Luiz Molição disse à PF ter ouvido que Thiago Martins, o Chiclete, outro preso na segunda fase da Spoofing cuja identidade foi revelada semanas antes por Crusoé, era amigo de Delgatti Neto e que o ajudava a ter acesso às contas do Telegram de autoridades. “Thiago, pessoa residente em Brasília, era quem detinha o conhecimento de como invadir do Telegram de forma clandestina”, afirmou.

O objetivo das invasões num primeiro momento, disse Molição, era descobrir quem eram as pessoas investigadas pela Lava Jato. Repetindo a versão apresentada pelo próprio pai de Chiclete a Crusoé, de que seu filho era programador e trabalhava para bancos, Molição disse ter ouvido de Vermelho que Thiago trabalhava para o banco Itaú. “Walter mencionou que Thiago trabalhava na área de TI do banco Itaú em São Paulo, atuando na área de segurança da instituição financeira”, diz trecho do depoimento. 

Procurado, o Itaú disse que Thiago Eliezer Martins Santos “nunca foi colaborador do Itaú Unibanco, tampouco prestador de serviços de empresas do grupo”.

O celular ‘biriri’

Luiz Molição narrou ao delegado Luiz Flávio Zampronha ter recebido de Walter Delgatti um celular específico para utilizar quando fosse conversar com o jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept, e também para tratar de temas relacionados às invasões das contas do Telegram. O aparelho foi batizado por Vermelho de “biriri”. No aparelho, disse ele, foi instalado o programa Private Internet Acess, o PIA, que possibilita o acesso à rede de maneira a dificultar a identificação dos reais usuários e evitar deixar rastros. 

Invasões em 2018

O hacker disse aos investigadores que as invasões em contas do Telegram começaram ainda em 2018 — e não em abril de 2019, como se sabia até o momento. Segundo ele, Vermelho e Chiclete, a julgar pelo que o próprio Delgatti Neto dizia, teriam dado início ao roubo de mensagens ainda em 2018. 

‘Eu ajudava o garoto’

Luiz Molição diz no depoimento que, após o site The Intercept começar a publicar as mensagens roubadas, o jornalista Glenn Greenwald entrou em contato para avisar que não utilizaria mais o Telegram e para sugerir a criação de um e-mail no provedor “riseup.net”, que seria mais seguro. Foi por esse e-mail que Molição, após a prisão de Vermelho, teria enviado para Glenn Greenwald a seguinte mensagem: “O menino foi preso”. Segundo ele, o fundador do Intercept não respondeu, mas tempos depois a mesma conta recebeu uma mensagem que Molição acredita ter sido enviada por Thiago Martins, o Chiclete. O texto dizia o seguinte: “Você deve saber quem eu sou, eu ajudava o garoto”. Ainda sobre esse episódio, Molição afirma: “Referida mensagem era encerrada com a informação de que a pessoa iria atrás de advogados para dar assistência a Walter. Que sabia que a única pessoa que ajudava Walter nas invasões de contas do Telegram era Thiago, motivo pelo qual teve certeza que a mensagem havia sido enviada por ele (Thiago).”

Tentativa de venda

Molição disse ainda que Delgatti estava invadindo as contas de Telegram de autoridades com o objetivo de vendê-las. Afirmou também que ele tentou vender para Glenn Greenwald, que teria se negado a pagar, como mostrou reportagem de capa da última edição de Crusoé. A tentativa de venda a que se refere o ajudante do hacker diverge da versão inicial apresentada pelo próprio Vermelho, que declarou não ter solicitado valores em troca das mensagens.

O estudante afirmou acreditar que “Walter Delgatti estava invadindo contas do Telegram de autoridades públicas com o objetivo de vender as informações para jornalistas” e que Vermelho “tentou vender o conteúdo de contas do Telegram para Glenn Greenwald, conforme mensagens lidas pelo declarante na conta do Telegram espelhada no celular “biriri””.

Os policiais já sabem que, a certa altura, Vermelho disse a pessoas próximas que havia conseguido negociar o pacote de mensagens roubadas — não se sabe exatamente com quem, e os investigadores não descartam a possibilidade de terceiros terem bancado a operação e encomendado ao grupo que tornasse as mensagens públicas.

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  1. Até o mais desinformado brasileiro sabe que tudo isso é parte da trama esquerdista para retomar o poder e assim voltarem para terminar o sujo serviço e implantar de fato e de ato a ditadura ,por enquanto,os demais braços( STF,Congresso Nacional ) seguem à galope

  2. O "famoso Telgram" é russo, correto? Então peçam para os russos darem um "jeitinho, estilo KGB, nós invasores, simples assim. Afinal a integridade russa foi e está sendo ridicularizada mundo afora. Vamos ser só um pouquinho RADICAIS.

  3. O Antagonista deve saber o que foi esta tramoia toda. O país teve sua soberania invadida por estrangeiros e o que é pior, com a conivência de brasileiros corruptos. Vamos esperar pelo boom final!

  4. Estão chegando perto de Verdevaldo, de repente Vermelho tentou vender o material para a Crusoé e o OAntagonista. Agora ela está sob suspeita e nenhuma matéria que publicar tem qq relevância. Por isto que os CORRUPTOS têm que ser deixados livres para se acabarem perante a população, para que quando forem pegos já tenham esgotado seus truques e artimanhas.

  5. Quando uma porta se fecha, os CORRUPTOS logo buscam outra, quando as msgs saíram, a primeira coisa que já foi rechaçada foi a possibilidade de usar as msgs como prova, tanto que Zanin colocou elas no rodapé para tentar soltar Lula. Enquanto continuarem soltos, os CORRUPTOS sempre vão dar um jeito de sair pela tangente, como não há dúvida de que Chiclete participou das invasões, agora é ele é Vermelho, mas só os dois, mais ninguém. Ou seja, tem mais gente.

  6. A PF deve considerar uma organização criminosa por trás desse caso das mensagens roubadas. Houve orquestração para obter o efeito político para favorecer os criminosos implicados na corrupção e nas demais investigações.

  7. É infame que uma parte da imprensa vermelha considere que as mensagens vazadas contenham alguma irregularidade. A sra. Vera Magalhães caiu nessa esparrela hoje no programa de rádio da Jovem Pan. Até agora, alguns jornalistas se referem à Operação Vaza Jato, que menciona os vazamentos das mensagens roubadas dos celulares dos membros da força tarefa da Lava Jato, como contendo irregularidades por parte dos promotores e do juiz Sérgio Moro. Na realidade, O ÚNICO CRIME VERIFICADO FOI A INVASÃO !!!

    1. VERA MAGALHÃES está fora da lista de melhores jornalistas que serão premiados por votação popular. Da JOVEM PAN tem 2 no páreo, FELIPE MOURA BRASIL e AUGUSTO NUNES. Mas ainda temos como excelentes, na JOVEM PAN, o JOSE MARIA, SILVIO e BARSCHAGUE. Não tivemos voto para comentarista técnico, para taça de ouro a CAIO COPPOLLA.

  8. É imprescindível que as investigações decifrem o enigma de quem, ou que organização partidária, financiou o crime de invasão dos celulares e o seu uso político para infame calúnia contra a operação Lava jato. A pergunta básica é: QUEM SE BENEFICIOU DA CALÚNIA NA DIVULGAÇÃO DAS MENSAGENS QUE NADA CONTÊM DE ERRADO ??? É certo que uma parte da imprensa fala das mensagens como se houvesse crime no conteúdo. Na verdade, o crime está somente na invasão dos celulares dos membros da operação Lava jato.

  9. É imprescindível que as investigações decifrem o enigma de quem, ou que organização partidária, financiou o crime de invasão dos celulares e o seu uso político para infame calúnia contra a operação Lava jato. A pergunta básica é: QUEM SE BENEFICIOU DA CALÚNIA NA DIVULGAÇÃO DAS MENSAGENS QUE NADA CONTÊM DE ERRADO ??? É certo que uma parte da imprensa fala das mensagens como se houvesse crime no conteúdo. Na verdade, o crime está somente na invasão dos celulares dos membros da operação Lava jato.

    1. Então já confessaram que vendem informações roubada.

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