Time/ Reprodução"Se ele vencer": a capa da Revista Time

As promessas de Donald Trump, se ele vencer

30.04.24 16:26

Donald Trump é o personagem de capa da revista semanal Time, uma das mais relevantes da imprensa americana. Em duas longas entrevistas com o ex-presidente e candidato republicano nas eleições deste ano, o repórter Eric Cortellessa traz um retrato do que o republicano pretende fazer caso se torne o 47º presidente americano.

“Donald Trump pensa que ele cometeu um erro crucial em seu primeiro mandato: ele foi legal demais”, inicia a longa reportagem. A reportagem afirma que um Trump menos dependente do Partido Republicano e mais confiante estaria planejando uma “presidência imperial”.

O seu objetivo número um seria retirar cerca de 11 milhões de pessoas do país (3 em cada 100 habitantes dos EUA), imigrantes ilegais. Para isso, iria usar a Guarda Nacional e os militares contra a população civil.

Além disso, ele indica não alterar a política de reversão do direito ao aborto no país, permitindo que estados comandados por republicanos cheguem a monitorar a gravidez de mulheres e processem quem violar as normas.

Trump promete segurar verba do Congresso de acordo sua vontade, perdoar os seus apoiadores que invadiram o Capitólio em 2021 e deixar aliados da Otan no escuro, caso eles sejam atacados. Procuradores que não sigam suas ordens poderão ser demitidos, rompendo uma tradição mantida desde a fundação do país no século 18.

“Ele está completamente em modo guerra”, resumiu à revista Steve Bannon, um dos seus ideólogos mais antigos. “É onde está sua obsessão agora”.

Nas entrevistas à revista, o ex-presidente e um grupo de assessores próximos para política interna e externa mostram que o segundo mandato será uma tentativa de concentrar ainda mais poder, ignorando ou revertendo pesos e contrapesos que há entre os poderes.

Com a decisão da Suprema Corte em reverter o direito federal ao aborto, tomada em 2022, a palavra final passaria a ser dos estados, e Trump não indica vetar o retorno dos Comstock laws, série de leis do século 19 que impediram o envio de conteúdo considerado imoral ou obsceno — e pílulas para aborto entrariam nesta lista, paralisando o procedimento mesmo em locais onde a prática ainda é legalizada.

Ele ainda defende que os Estados Unidos sejam pagos pelas suas tropas deslocadas para outros países. Isso vale para locais como a Coreia do Sul —que conta com as tropas americanas para conter as ameaças da Coreia do Norte— e países da Otan, sob crescente ameaça da Rússia.

No fim da entrevista, Trump tentou se explicar sobre uma de suas falas mais polêmicas durante esta campanha, a de que agiria como um ditador, “mas apenas no primeiro dia”.  Ele diz apenas que a frase foi dita “como uma piada, sarcasticamente”, e comparou com quando sugeriu aos russos que hackeassem os e-mails de Hillary Clinton (o que, se soube depois, de fato aconteceu).

Se essa ameaça de ditadura não seria contrário ao princípio que rege a América há dois séculos e meio, pontua o repórter, não parece ser algo importante para Trump. “Eu acho que muita gente gosta.”

 

Leia mais em Crusoé: Em estado-chave, Trump ainda não teve o apoio unânime do seu partido

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