Sherif Abd El Fattah via Wikimedia Commons

Por que governantes árabes reprimem protestos contra Israel

30.04.24 11:38

O governo do Egito prendeu dez pessoas por participarem de uma manifestação contra Israel no Cairo, no início de abril. Outras 40 pessoas estão presas pelo mesmo motivo desde o ano passado.

A repressão aos protestos no governo de Abdel Fatah al-Sisi não é isolada no mundo árabe. A Jordânia já prendeu 1.500 manifestantes desde outubro. Os dois países foram os primeiros a fazer acordos de paz com Israel. Além deles, manifestantes foram presos no Marrocos, que integrou os Acordos de Abraão, com Israel, em 2020.

A questão é que, embora a causa palestina desperte solidariedade entre a população desses países árabes, seus governantes temem que os protestos se voltem contra o governo e se preocupam com o grupo terrorista Hamas, financiado pelo Irã, que é persa.

Assim, enquanto o Irã financia e apoia os protestos que se dizem a favor dos palestinos, os governos de países árabes reprimem as manifestações.

 

Mudança de tom

No início da guerra em Gaza, o governo egípcio apoiou as manifestações contra Israel. Agora, o medo é que os protestos de rua possam desencadear uma nova onda da Primavera Árabe, série de protestos que atravessou vários países da região entre 2010 e 2011, levando à queda de uma série de governos, ditaduras e à guerra civil na Síria, que persiste até hoje.

O governo de al-Sisi tem isso muito em mente. Em 2011, uma onda de grandes e violentos protestos no centro do Cairo tirou do poder o ditador Hosni Mubarak, após 30 anos no poder.

Quem assumiu o poder foi Mohamed Morsi, um membro da Irmandade Muçulmana, berço do Hamas. A aventura fundamentalista durou pouco, porque o general al-Sisi deu um golpe militar e passou a comandar o país de maneira autocrática.

 

Países árabes em alerta

Outros países do mundo árabe também acenderam os alertas. O governo do Marrocos está processando manifestantes que criticaram a proximidade do governo local com Israel.

Na Jordânia, quinhentas pessoas foram detidas após uma única manifestação em frente à embaixada israelense em Amã.

A Anistia Internacional pediu que o governo local respeitasse o direito à manifestação. “O governo jordaniano precisa soltar imediatamente todos aqueles que estão detidos arbitrariamente desde outubro de 2023 devido ao seu ativismo pró-Palestina”, disse a chefe da organização no país.

Não parece que ela será ouvida. Um senador local disse à mídia árabe que “Estas manifestações não vão se tornar movimentos suspeitos de semear discórdia e caos”, disse. “iremos confrontar cada mão que tente interferir na segurança da Jordânia.”

 

Leia mais em Crusoé: Com “lanche na Paulista”, Irã já organizou manifestações “pró-Palestina”

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