Primárias em Iowa abrem calendário das eleições americanas

Os eleitores do partido Republicano em Iowa, estado de 3,1 milhões de habitantes no meio-oeste americano, são os primeiros a se manifestar nas primárias presidenciais do país. A peculiar votação que ocorre nesta segunda-feira, 15, é a primeira que o republicanos e democratas devem realizar até 8 de junho quando, à exceção de um desastre, Donald Trump e Joe Biden devem ser os candidatos escolhidos.

Na semana que vem, o partido Democrata inicia seu processo de escolha, pela primeira vez, por New Hampshire. O pequeno estado no Nordeste do país assumiu o pioneirismo das primárias, que era tradicionalmente de Iowa há meio século. O objetivo é que, com uma população mais multicultural que o estado agrícola, New Hampshire motive melhor os eleitores de outros estados em votações futuras.

E ainda haverá muitas pela frente. Em 5 de março, 16 estados decidem de uma vez quem será o candidato republicano e democrata. Conhecido como “Super Terça”, o evento é o símbolo das primárias em ambos os partidos e costuma apontar os virtuais concorrentes em cada um dos lados.

Duas semanas depois, em 19 de março, a Flórida vai às urnas. Junto com as primárias da Pensilvânia, em 23 de abril, ambos os estados são cruciais na eleição presidencial, uma vez que são estados populosos, relevantes na eleição e sem uma tendência definida de apoio a democratas ou republicanos. O sucesso de Trump ou Biden nesses estados pode selar a eleição como um todo.

Após o fim das primárias, em 8 de junho, os representantes de ambos os partidos se reúnem nas convenções para sacramentar suas escolhas— os republicanos, em julho, os democratas em agosto. A partir daí, dois debates e muitos comícios depois, os nomes serão votados de maneira definitiva no dia 5 de novembro.

Como explicou Alexandre Borges em OAntagonista, a questão é saber por quanto Trump irá vencer. “Nikki Haley e Ron DeSantis estão trabalhando para minar o apoio de Trump. Eles estão se posicionando como alternativas mais moderadas e pragmáticas.”

Quem está à frente?

Donald Trump e Joe Biden são os virtuais candidatos do partido Republicano e Democrata, respectivamente. Apesar de estar tão preocupado em ir a tribunais quanto a julgamentos, Trump tem uma vantagem extremamente confortável e mais apoio que seus concorrentes, somados — devendo concorrer em nome do partido pela terceira vez, mesmo que algumas ações possam impedi-lo de tomar posse.

Joe Biden deve concorrer à eleição e pode, aos 81 anos, atualizar o seu próprio recorde de presidente mais velho do país. Ele conseguiu apoio suficiente dentro do partido para praticamente não ter concorrentes — apenas o nome de Marianne Williamson, uma autora de autoajuda, ainda se mantém.

Em um dos levantamentos mais relevantes, feito pelo jornal New York Times com o Siena College, Trump tem vantagem e lidera as intenções de voto em Nevada, Arizona, Michigan e Pensilvânia, estados-chave na eleição. Biden, por sua vez, venceria no Wisconsin, estado onde foi vitorioso nas eleições de 2020.

Como funciona a votação em Iowa?

A votação desta segunda-feira é peculiar porque o estado adota o modelo conhecido como Caucus. Nele, os eleitores se reúnem fisicamente em um local para se manifestar — mas todos fazem isso publicamente, longe do sigilo de uma cabine. 

Após uma primeira rodada, o candidato menos votado é retirado da disputa, e seus eleitores passam a ser cortejados pela base de apoio dos mais votados. O sistema se repete até que um deles consiga a maioria, levando o voto do delegado do condado, em uma eleição considerada direta pelos seus apoiadores.

O Caucus ainda deve se repetir, pelo lado republicano, em 12 estados e territórios sob governo americano. O partido Democrata realiza em seis estados, incluindo Iowa — mas esta só ocorrerá na “Super Terça.”