Foto: Forest Service via Wikimedia CommonsA falecida senadora americana Diane Feinstein, em 2021

Estados Unidos, uma nação gerontocrata

01.10.23 11:15

A morte da senadora americana Diane Feinstein (Democrata-Califórnia; foto), nesta sexta-feira (29), aos 90 anos de idade, foi recebida com algum desdém. “Ela vai deixar o cargo agora?”, escreveu um perfil no obituário da senadora decana no Instagram do New York Times. “Acredite ou não, ela vai concorrer na próxima eleição!”, mandou outro na postagem do jornal Los Angeles Times.

Mais do que ressaltar a peculiar teimosia de Feinstein em deixar a cadeira que ocupava desde 1992 (ela aceitou não concorrer a um novo mandato neste ano), a rusga de alguns usuários aponta a crescente disparidade entre a sociedade americana e sua classe política: apesar a média de idade no país ser a mais alta da história, com 38,9 anos, o país é dominado politicamente por pessoas muito mais velhas.

Com a morte de Feinstein, o decano da casa será o senador Chuck Grassley (Republicano-Iowa), que também completou 90 anos neste mês. Dentro do legislativo do país, outros 22 deputados e senadores têm mais 80 anos. Um dos mais relevantes, o senador republicano pelo Kentucky Mitch McConnell apareceu em entrevistas neste ano como que simplesmente “travando” em público.

(Para comparação: no Brasil, que tem média de idade de 33 anos, apenas duas deputadas estão nesta faixa — Luiza Erundina aos 87, Benedita da Silva aos 80. O senador mais velho, Otto Alencar, tem 76 anos.)

Há até mesmo um termo próprio para isso: gerontocracia, ou “o governo dos anciões”. A disparidade entre a idade média da população e seus representantes já não passa despercebido pelo Google Trends, que ajuda a entender o interesse do debate público sobre a questão. Na plataforma, nenhuma vez o termo chamou tanto a atenção quanto em junho 2020, quando Donald Trump e Joe Biden foram escolhidos candidatos a presidente. O primeiro já era o mais velho a ser eleito no país, com 70 anos; mas acabou perdendo a reeleição para o democrata de 78.

Em novembro de 2024, quando a disputa entre ambos deve ser reeditada, o debate sobre gerontocracia deve ganhar novamente o holofote. Biden, quase inconteste entre os democratas, poderá se reeleger às vésperas de completar 82 anos, contra um Trump de 78. Dúvidas sobre a capacidade mental do político democrata de carreira em lidar com o posto político mais poderoso do mundo já preocupam o partido, enquanto o magnata que tomou o partido republicano de assalto tem mesmo é de lidar com a justiça.

Quanto ao novo decano do Legislativo, o republicano Grassley, esse continuará intacto: há 42 anos no cargo, ele foi reeleito no fim do ano passado a um novo mandato. Se nada der errado, ele pode chegar aos 96 anos como senador, pronto para buscar um novo voto de confiança de seus eleitores mais novos. Não seria um recorde, já que Strom Thurmond se aposentou em 2003, a poucos meses de completar 100 anos, saindo do Senado em cadeira de rodas.

O Brasil não fica muito atrás dos Estados Unidos. O presidente Lula tem 77 anos. Caso ele tente a reeleição em 2026, fará 81 anos nesse ano.

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  1. Que que é isso, menino???? Não rogue essa praga para o BRASIL!!!!! """Lulaladralha - de novo - tentando se reeleger""".... essa hipótese surreal já chega a ser tragédia universal!!!! Vire esse teclado pra lá!!!! "T'esconjuro"!!!!

    1. O ministro Barroso disse que não existe promoção por merecimento, que é substituída por um beija mão a desembargadores. E a constituição diz: merecimento é trabalhar mais e melhor; se quiserem posso responder o que não tem de subjetivo nessa medida; me dá que faço; eé facil; não cobro nada; eles também sabem fazer, e sabem por que. Barroso esta certo

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