Ricardo Wolffenbüttel / Secom

O jogo de empurra na estranha demissão de um bolsonarista em SC

18.12.23 18:20

A demissão de Rafael Nogueira (foto) como presidente da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), na última sexta, 15, criou um atrito entre o governador Jorginho Mello (PL) e sua base de apoio, envolvendo os bolsonaristas. O motivo de ele estar entre os 18 demitidos — e de ser a única exoneração revertida, em pleno sábado de madrugada, por Jorginho Mello — ainda segue sem explicação.

À reportagem, o governo indica que a demissão teria ocorrido por engano e que  “um técnico se equivocou e publicou com o erro, corrigido algumas horas depois”. No ato da sua demissão, publicado no Diário Oficial do Estado na sexta-feira, até seu substituto estava definido: na página 14 do documento consta que Sergio Ricardo Fraga Costa, o Gibão, assumiu o cargo naquele dia.

A demissão, alega um dos afastados, pegou a todos de surpresa — inclusive Rafael. No governo de Jorginho Mello, ele é mais que o presidente da FCC, responsável pelos museus e pelos órgãos culturais do estado.

Ele também é uma ligação direta com a ala mais ideológica do governo de Jair Bolsonaro, já que durante os anos de mandato dele, Nogueira foi o presidente da Biblioteca Nacional. Além disso, ele é apadrinhado direto de Ana Caroline Campagnolo (PL), deputada estadual bolsonarista e a mais bem votada nas últimas eleições.

Não à toa, uma edição extra do mesmo Diário Oficial, na noite de sexta-feira, o reinstalou no cargo.

O que nenhum dos dois lados explica é o motivo da demissão dos outros 17 nomes, em sua maioria diretores e gerentes da fundação. A versão oficial é que Rafael vinha separando uma lista de corte com funcionários que não seriam bolsonaristas e não estariam rendendo como o esperado.

“Rafael manteve nomes que já estavam há algum tempo nas gerências e diretorias da FCC quando assumiu, mas estava bem insatisfeito com algumas ações recentes da equipe técnica”, é uma das versões contadas à reportagem por fontes ligadas ao governo. Problemas em licitações e na gerência de museus teriam inflado questões que geraram a queda de diretores nas áreas de Arte e Cultura e Finanças da organização.

A FCC contesta a informação do governo. “O presidente não teve nada a ver com a lista de exonerações”, disse uma pessoa próxima ao caso à reportagem. “E jamais nomearia pessoas de perfil reconhecidamente anti-Bolsonaro para cargos tão representativos, como foi o caso.”

A mídia catarinense aponta outra explicação ao caso. A demissão de todos (Rafael incluso) teria sido arquitetada pelo próprio Gibão, que tem a confiança de Jorginho e teria arquitetado o plano. Nesta semana, Rafael e Jorginho devem se reunir para discutir a confusão.

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