10 Downing via FlickrRishi Sunak, em frente ao escritório no número 10 da Downing Street

Afinal, o que mostram as pesquisas eleitorais na Inglaterra?

23.05.24 10:16

A decisão do primeiro-ministro britânico Rishi Sunak (foto) em dissolver o parlamento e adiantar as eleições parlamentares do país em cerca de cinco meses, para o dia 4 de julho, surpreendeu analistas políticos e o próprio país — não apenas pela manobra em si, mas pela aparente derrota que ela deverá impor ao partido Conservador do próprio Sunak. A jogada poderá ser genial, mas os números mostram uma loucura a caminho.

Um levantamento do instituto de pesquisa YouGov, publicada nesta quinta-feira, 23, mostrou que houve poucas mudanças nas últimas semanas na preferência do eleitorado britânico. O partido Trabalhista, principal força opositora, tem 46% das intenções de voto, contra 21% do partido Conservador. No agregador de pesquisas, o jornal The Times dá 21 pontos percentuais de vantagem aos trabalhistas.

Dessa forma, os 14 anos de governo dos conservadores, que começaram com David Cameron em 2010 e chegaram nesta década com o partido em desarranjo interno, tem altas chances de encontrar seu fim daqui a seis semanas. Obviamente não é o que aposta Rishi Sunak.

O primeiro-ministro, no cargo há um ano e meio (sucedendo Liz Truss, que permaneceu no cargo o tempo de vida de uma alface), acredita que a sangria pode ser estancada e mesmo revertida com dados sobre a inflação sob controle (depois de dois anos em alta, ela está em 2,3%, a metade do apurado quando ele tomou posse).

Esta talvez seja a única boa notícia para o partido, que poderá ver a situação se agravar na imigração, outro tema sensível ao país, durante o período eleitoral. Nas próximas semanas, a chegada do verão europeu deve gerar o aumento do número de imigrantes tentando chegar ao país em botes, aumentando a pressão não apenas na política migratória como também na política humanitária. O plano do governo em enviar os imigrantes ilegais para o meio da África foi parado pela Suprema Corte do país, e as cenas de botes aportando nas praias inglesas devem dar as caras a dias das eleições parlamentares.

A aposta de alto risco do partido Conservador deve garantir uma confortável vitória do partido Trabalhista, liderado por Keir Starmer. Considerado mais centrista que o socialista democrático Jeremy Corbyn, que o antecedeu no cargo de líder dos trabalhistas, Starmer deve ter menos dificuldade para formar um consenso em torno de seu nome.

Leia mais em Crusoé: Carteiros e série de TV jogam governo britânico em nova crise

Os comentários não representam a opinião do site. A responsabilidade é do autor da mensagem. Em respeito a todos os leitores, não são publicados comentários que contenham palavras ou conteúdos ofensivos.

500
Mais notícias
Assine agora
TOPO