Lincoln Gakiya: “O PCC não será mais o mesmo”

19.04.24

O promotor do Ministério Público de São Paulo Lincoln Gakiya (foto), um dos mais corajosos membros do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, Gaeco, acredita que o Primeiro Comando da Capital, PCC, esteja enfraquecido devido a rachas internos e a ação dos promotores.

Segundo ele, a transferência de Marcola e de seus integrantes do primeiro  escalão para presídios federais dificultou o envio de ordens para os demais membros e gerou disputas pelo poder.

O PCC sofre hoje com um racha histórico, algo que não acontece desde a ascensão do Marcola, seu líder máximo. Ele se voltou contra outros criminosos que o colocaram no poder”, diz Gakiya para o Crusoé Entrevistas. “O isolamento (dos líderes) acabou provocando ou adiantando esse racha. O que eu garanto é que o PCC não será mais o mesmo. Marcola está perdendo o apoio de criminosos que sempre estiveram com ele. Isso para o Estado é uma vitória. Nossa estratégia é dividir para conquistar.”

Gakiya também comenta a operação Fim de Linha, que investigou um esquema de lavagem de dinheiro do PCC usando duas empresas de ônibus, a Transwolff e a UPBus. Nesta quarta, 17, a Justiça de São Paulo aceitou a denúncia feita pelo Ministério Público e transformou 19 alvos da operação em réus.

Eles são acusados dos crimes de organização criminosa, lavagem de capitais, extorsão e apropriação indébita. Foram bloqueados mais de 800 milhões de reais de bens e ativos dessas duas companhias.

A Operação Fim de Linha tinha como objetivo afastar a diretoria de duas empresas de ônibus que praticamente foram tomadas pelo PCC. Seus membros estavam no conselho diretivo dessas duas empresas, estavam extorquindo e distribuindo dividendos de maneira irregular para si próprios e para outros membros dessa organização, em prejuízo dos demais cooperados ou sócios”, diz Gakiya.

Gakiya afirmou que essas companhias começaram a participar de licitações há  décadas e que ainda é preciso avaliar corretamente se houve alguma omissão do poder público. O período em que elas mais empregaram recursos para vencer licitações, segundo o promotor, foi 2015. “Injetaram 25 milhões de reais em uma empresa e 50 milhões em outra para participar de licitações públicas”, diz Gakiya.

Segundo ele, não há o risco de o PCC revidar: “A Polícia Militar já montou uma operação para garantir a presença dos ônibus nas ruas”.

Assista à entrevista com Lincoln Gakiya:

 

 

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  1. Isolar os lideres foi uma atitude acertada do ex ministro da justiça Sérgio Moro. Infelizmente hj é perseguido por outras "facções". Como já disse o atual presidente: "vou f... esse Moro" e fica por isso...

  2. Ações desse tipo são muito bem-vindas. Esse país tem muitas corporações tipo máfia pra enfrentas e algumas delas, principalmente as com atuação politica, contam com a proteção do próprio STF. Saudades da Lava Jato

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