Marcos Corrêa/PRAugusto Heleno, o ex-GSi de Bolsonaro

Falta alguém na Abin paralela dos Brics

Augusto Heleno, duas vezes golpista fracassado, foi lembrado, mas ninguém se lembra de seu sucessor, Gonçalves Dias
02.02.24

A pergunta óbvia a ser feita sobre a notícia de que o desgoverno Lula-Lira demitiu, enfim, o dito número dois da atual gestão colegiada dos negócios da República em geral e da segurança pública em particular não é por que Alessandro Moretti, que foi e continuou sendo diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), foi exonerado.

Aliás, não é o caso de uma pergunta só, mas o fato pode se desdobrar em pelo menos três dúvidas cruciais.

A primeira é que o protagonista da mais recente, mas dificilmente derradeira, crise da instituição dita secreta (cuja suntuosa sede é identificada no lado de fora com sua denominação cuja atividade é por definição secreta) sobreviveu a todas as manchetes produzidas por um escândalo notório e até agora inexplicável. Como se admitiu que computadores, celulares e senhas pessoais fossem mantidos de posse de seus ocupantes no governo anterior, chefiado por um pressuposto adversário, tratado como inimigo, derrotado nas urnas, pelo ocupante exclusivo do Poder Executivo esta é outra incógnita mantida sob o véu do silêncio. Aliás, caso mais grave ainda é o do ex-chefão maior dos arapongas trapalhões, general da banda Gonçalves Dias, foi o primeiro a ser protegido ao que consta pelo próprio Luiz Inácio Lula da Silva. E mantido em repouso financiado por polpuda aposentadoria sem punição após ter sido denunciado por cenas dos vídeos que o flagraram tratando vândalos que destruíram o patrimônio público na sede do até 2022 exclusivo do poder central da republiqueta dos golpistas confessos. O “garçom” amador garantira conforto de água fria à garganta seca dos executantes do golpe das vivandeiras (apud marechal Castello Branco), fascistoides que imploravam por intervenção dos milicos na gestão dita democrática várias vezes interrompida por quarteladas grotescas e mal sucedidas.

O general que desonra o sobrenome do maior poeta brasileiro de todos os tempos goza um ano e mais de um mês depois do governo da democracia (vulgo do amor) de licencioso silêncio, no qual também ficou abrigado até esta semana seu antecessor no cargo e inspirador dos processados pelo golpe mixuruca de 8 de janeiro, Augusto Heleno. Este jornalista contumaz questiona aos próprios botões inexistentes de suas camisetas por que mais uma vez o assaltante dos refrigeradores da sede do poder que quem o nomeou, o citado Lula, divide com o permanente Arthur Lira, foi esquecido (terceira dúvida) em memórias coniventes dos meios de comunicação escritos, falados e televisados. E ele deveria estar respondendo pela inspiração do vandalismo tosco movimento da manada fascistoide com responsabilização criminal mais óbvia do que a atribuída ao antecessor, que em 8 de janeiro gozava das polpudas aposentadorias centenárias dos comandantes das ditas Forças Armadas, no caso desarmadas, não tiveram competência sequer para desonrar a dita pátria amada em pleno cumprimento aquartelado ou de pijama nos clubes e círculos militares da desonra suprema à bandeira, ao hino e, sobretudo, às patentes, metralhadoras imprestáveis e coturnos sem marca de lama na graxa na mais repetida tradição interventora do nada glorioso Exército nacional, aliás, repetida com ou sem sucesso por Deodoro e Floriano, Góis Monteiro bajulando o doutor Getúlio, Mourão “vaca fardada”, Castello, Costa e Silva, Geisel e Figueiredo. Comandante frustrado do golpe abortado por Geisel, o nada augusto Heleno está sendo vagamente associado à Abin paralela do capitão terrorista, apesar da anterior incompetência demonstrada na tentativa frustrada de Sílvio Frota evitar o cumprimento da indicação de João Figueiredo à Presidência. Tudo bem que ele seja convidado a explicar suas iniciativas incompetentes. Mas alguém poderia, pelo menos, ser informado por que Gonçalves Dias segue poupado? E não me venham alegar que ele repetiu Jesus socorrendo a samaritana à beira do poço.

Não faltaram bispos a socorrerem Lula da sanha ditatorial, como dom Angélico Bernardino, dom Cláudio Hummes e dom Paulo Evaristo Arns, mandando frei Beto proteger a família dele nos tempos de lar operário do metalúrgico, quando foi preso político da ditadura. Mas a nova cruzada antijudiocristã de adesão ao terrorismo palestino afasta Sua Excelência de evangelhos e outros exemplos de pregação de amor ao próximo. O mais exato a lembrar no caso em questão nesta hora talvez seja o adequado título da diatribe de Davi Nasser, de ascendência árabe, ao chefe da polícia do Estado Novo nazistoide, Filinto Muller, à época dos processos contra os criminosos do Holocausto, o dos judeus por Hitler na Alemanha: Faltou alguém em Nuremberg.

Essa lembrança incômoda tanto pode envergar o dólmã do pouco poético Gonçalves Dias quanto a faixa presidencial que o presidente da República ostenta no meio reino dividido entre sua esquerda, que imagina governar tiranias em teoria marxistas-leninistas, mas de fato direitistas, em Rússia, Índia, China e África de Sul, ressuscitando o Eixo Alemanha-Itália-Japão dos anos 1930 a 1940. Concedendo-se ainda a sua própria sociedade secreta com o alagoano a indulgência plena por ter afastado o mau capitão do poder com a farsa da democracia do amor. A Polícia Federal que o inquilino provisório, que se pretende perene no Palácio do Planalto assaltado pelos vândalos de 8 de janeiro, jura que não obedece a ele mesmo, o número um da máquina pública, intimou na terça, 30, o ex-chefe hierárquico do principal incriminado da tal da Abin paralela, subordinada (sim) ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI), para depor. O depoimento foi marcado para a terça, 6, o que escancara a relação de subordinação ao sócio do deputado alagoano. Conforme as tais fontes do desgoverno federal, o inquérito busca mesmo esclarecer se Heleno tinha conhecimento das ilegalidades supostamente cometidas por Alexandre Ramagem na Abin fake. Ou seja, o dito inquérito ululante. Imaginar que o encarregado das buscas não se interesse em ouvir o antecessor após o noticiário dar como decisão do governo substituir o adjunto da Abin na gestão Lula é incriminar a polícia judiciária de ter cometido omissão grave de eventual mandante do crime não importa quando cometido.

Quanto à citação do chefão geral de nossa republiqueta pela metade na atribuição à ONU paralela para omitir a natureza terrorista dos palestinos armadíssimos pelo inimigo dos americanos, o Irã, continuação do imperialismo persa de Ciro, mas também pátria original de um titã da poesia, Rumi, equivalente a Dante Alighieri, Luiz de Camões e William Shakespeare, pode ser mais do que sua conhecidíssima ignorância. Esta pode explicar a absurda caracterização de Jesus como palestino, 18 séculos antes de a Palestina ter sido sequer imaginada, pode produzir efeitos desastrosos para este país pobre metido a sebo. A sorte das verdadeiras democracias-alvos dos ditadores adeptos do terror no Oriente Médio – Israel, EUA e União Europeia – é mais do que a aposta numa absurda mentira histórica. É investir no caos planetário hoje. Por isso, o inquérito da Abin paralela precisa chegar às estrelas dos galões do general xará do poeta genial. Defender o atual imperialismo comercial da ditadura chinesa, o sonho megalomaníaco da Mãe Rússia na Ucrânia e um novo holocausto judeu no Oriente Médio é uma cartada que pode custar caro à autonomia e à liberdade democrática pra valer das autênticas democracias, estejam elas instaladas onde estiverem.

Inclusive aqui.

 

José Nêumanne Pinto é jornalista, poeta e escritor

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  1. Apesar de alguma dificuldade (precisei ler duas vezes), consegui entender o objetivo do texto. Concordo plenamente com o autor.

  2. Por favor, Crusoé, revisem o texto antes de publicá-lo. Esse texto mais parece um rascunho de ideias e que não foi finalizado pelo autor.

  3. Texto "complicado". Não consegui concluir a leitura, não por preguiça. Insisti, mas sentenças intermináveis recheadas de adjetivações desnecessárias venceram minha intenção de seguir.

  4. O que nos impressiona é a tentativa exasperada de erudição transformar-se em um texto ininteligível. Triste para a revista.

  5. Sua cultura impressiona demais. Sempre que leio suas crônicas aprendo sobre nosso país. E o melhor, me ajudam a entender que país é esse que estamos tentando tornar 'desenvolvido'.

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