O comediante favorito
O ator Vladimir Zelensky obteve 30% dos votos no primeiro turno das eleições da Ucrânia, quase o dobro do segundo colocado, o atual presidente do país, Petro Poroshenko, que ficou com 16%. Com boas chances de atrair a preferência dos demais eleitores que escolheram outros 37 candidatos na votação do último domingo, 31, Zelensky é favorito para vencer o turno final, marcado para o dia 21 de abril. Se acabar eleito, seu desafio será enorme. Zelensky, de 41 anos, não tem experiência em política, não fez promessas, não tem ideologia e seu partido foi criado há apenas um ano. A Ucrânia, por sua vez, ainda sofre com as consequências da invasão russa há cinco anos, que culminou com a anexação da península da Crimeia e com uma guerra no leste do país. Cerca de 13 mil pessoas morreram no conflito, 28 mil ficaram feridas e 1 milhão deixaram o país, que precisou contrair um empréstimo de 4 bilhões de dólares com o FMI para tentar aquecer a economia.
Desvendar as posições de Zelensky — estrela da série televisiva Servos do Povo, em que interpreta um professor que, quase por acidente, alcança o cargo de presidente do país — é uma missão árdua até para os especialistas no assunto. “É muito difícil falar sobre quais são suas visões. Em alguns momentos, Zelensky só quer fazer graça. Em outros, ele busca o consenso e evita posições claras que possam lhe tirar votos”, diz o sociólogo Vladimir Ishchenko, pesquisador no Instituto Politécnico de Kiev. A forma mais usada para tentar decifrar o candidato tem sido assistir a Servos do Povo. Esse é o nome do partido de Zelensky, que ele criou com ajuda de um advogado do canal de televisão. “Muitas pessoas confundem o personagem com o político, o que até tem ajudado a compreendê-lo”, diz Ishchenko.
Na série de televisão, Zelensky interpreta um professor de História que faz um discurso na sala de aula contra a corrupção. Um dos alunos filma a cena com o celular e divulga o vídeo na internet. O filme traz popularidade ao professor, que acaba se tornando presidente. Mas o roteiro tem muito mais peripécias. Elas são tantas que, se o programa for uma pista para entender como seria um governo de Zelensky, há motivos de sobra para preocupação. O ator, assim como a maior parte dos que entram em cena, fala russo, e não ucraniano. O personagem central corta as relações com o FMI, perde uma eleição fraudulenta, sofre um golpe de estado e é preso. Ao final, vê o país ser dividido em trinta reinos menores. Mais perturbador ainda: não há qualquer menção à ocupação de territórios no leste por soldados russos, nem à anexação da península da Crimeia, em 2014.
Sem colocar-se claramente contra ou a favor de quem quer que seja, Zelensky conseguiu penetrar as barreiras ideológicas, nacionalistas e étnicas que normalmente conduzem os votos na Ucrânia. Ele prometeu até mesmo que, se eleito, fará uma consulta popular para saber quais são os assuntos mais importantes para os cidadãos. Depois disso, afirmou que realizará outro plebiscito sobre como lidar com eles. Pode parecer piada, mas funcionou. No primeiro turno, ele foi bem votado em praticamente todo o país.
Na quinta-feira, 4, Zelensky aceitou o convite feito por Poroshenko, o atual presidente, para participar de um debate. Em um vídeo publicado na internet, ele exigiu que o evento acontecesse em um estádio esportivo para 70 mil pessoas e que os dois candidatos passassem antes por um teste para detectar drogas e álcool no corpo. Uma cantora de ópera, Kamaliya Zahoor, ofereceu-se para interpretar o hino nacional no estádio. Mesmo sem propostas claras, Zelensky é entretenimento garantido, mesmo num país com 7% do território ocupado pela Rússia.
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Mergulho no escuro, repeteco do que aconteceu por aqui recentemente...
ou seja mais um político de bosta.
Atuar e enrolar ele já sabe. Tem tudo para ser um bom político.
A semelhança com o PSL e o Bolsonaro são meras coincidências.
mais um vermelho desinformado. viva Putin, Lula e maduro.
Óbvio que não vai dar certo.
Boa Sorte!!! Para o sofrido e nobre povo ucraniano!!! Tomara que este “comediante”, uma vez eleito como Presidente daquela nação, assuma de corpo, alma e “comportamento”, o papel de um Presidente que é, exatamente, trabalhar duro, firme, honesta e muito seriamente, para levar a todos os lares de se país, progresso econômico, segurança, saúde, educação, paz e ALEGRIA. Né?
* de ’seu’ país (mas... qualquer semelhança é mera coincidência)