Agëncia Brasil

Novo alvo da Lava Jato pagou propina a três ex-dirigentes da Petrobras, diz MPF

23.10.19 12:55

A força-tarefa da Lava Jato em Curitiba identificou supostos pagamentos de propina feitos pelo grupo ítalo-argentino Techint a três ex-dirigentes da Petrobras em troca de contratos bilionários com a estatal. A empresa e seus executivos são os alvos da 67ª fase da operação, deflagrada nesta quarta-feira, com 23 mandados de busca e apreensão, nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo.

Segundo o Ministério Público Federal, entre os agentes corrompidos está Renato Duque. O ex-diretor de Serviços da Petrobras indicado pelo PT, entre 2003 e 2012, teria recebido propina de 12 milhões de dólares como contrapartida à contratação da Confab Industrial, subsidiária da Techint, para fornecer tubos para a estatal do petróleo.

As investigações apontam que os pagamentos foram feitos pela Confab por meio de contas bancárias na Suíça em nome de offshores controladas por Duque, a partir de 2008, e depois por meio de transferências feitas diretamente pela alta administração da Techint a um operador financeiro ligado ao ex-diretor de Serviços. De 2006 até a saída de Duque do cargo, em 2012, a Confab celebrou contratos com a Petrobras de mais de 3 bilhões de reais, segundo o MPF.

Batizada de “Tango & Cash”, a operação desta quarta-feira apura ainda a origem de pagamentos sem razão econômica aparente realizados pela Techint a Jorge Luiz Zelada, ex-diretor de área internacional da Petrobras. Segundo o MPF, além de visitas frequentes do diretor do Grupo Techint no Brasil, Ricardo Ourique Marques, Zelada recebeu em contas no exterior em nome de offshores 539 mil francos suíços, em 2012.

Outro alvo de buscas e apreensões é o endereço ligado ao ex-gerente-geral da Diretoria de Abastecimento da Petrobras Fernando Carlos Leão de Barros. Com base em cooperação internacional com a Suíça, a força-tarefa identificou e bloqueou 3,25 milhões de dólares em contas bancárias ligadas ao ex-gerente. O MPF afirma que Barros recebeu, “sem causa econômica lícita”, 527 mil francos suíços de contas controladas pela Techint, em 2013, e 763 mil dólares de offshores ligadas à Odebrecht, em 2014.

Barros também foi apontado por delatores da Camargo Corrêa como beneficiário de 2,3 milhões de reais de propinas vinculadas a obras na Repar, transferidas em 2011 e 2012, por meio de contratação simulada de empresa de consultoria.  Todos os ex-funcionários e os dirigentes do grupo ítalo-argentino são investigados por corrupção e lavagem de dinheiro.

Segundo o MPF, as subsidiárias brasileiras Techint Engenharia e Construção e Confab Industrial, que pertencem ao grupo multinacional, participaram do cartel de empreiteiras que pagava propina a funcionários de alto escalão em troca de contratos com a Petrobras.

A Lava Jato identificou elementos de atuação cartelizada da Techint em dois contratos em consórcio com a Andrade Gutierrez, um para realizar obras na Refinaria Landulpho Alves, na Bahia, em 2007, e outro, em 2010, no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro. Outro contrato fraudado pela empresa, em consórcio com a Odebrecht, seria para construir, em 2008, o Gasduc III, um extenso gasoduto no Rio Janeiro. Somente esses três contratos somaram mais de 3,3 bilhões de reais.

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  1. Se ficar provado, condem todos a cumprirem a pena que lhe for imputada, integralmente sem tenham direito a progressão da mesma.

  2. Sabe quem quer acabar com a Lava Jato? Resposta: a turma que possui codinome em lista de propina de empresas e a turma que fez o Mensalão e o Petrolão. E seus aliados...

    1. Verdade Rodrigo. Tanta roubalheira que nem vamos sair desse buraco tão cedo. E estamos há 10 meses sem assalto aos cofres públicos. E QUEREM ACABAR COM A LAVA JATO. Tudo isso é uma vergonha

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