Adriano Machado/Crusoé

Nomeações de Flávio eram subterfúgios para tirar PMs das ruas, diz MP

16.05.19 15:20

Os promotores do Ministério Público do Rio de Janeiro que investigam o senador Flávio Bolsonaro (foto) e seu ex-motorista, o policial militar Fabrício Queiroz, afirmam que a nomeação de policiais no gabinete do filho do presidente Jair Bolsonaro pode ter lesado duplamente os moradores do estado. Para os promotores, além de desviar verbas da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, as nomeações tiraram policiais que deveriam estar atuando na segurança pública.

“O grande número de policiais cedidos ao gabinete do parlamentar sem cumprir expediente na Alerj revela a possibilidade de as nomeações terem sido utilizadas com desvio de finalidade, como subterfúgio para afastar policiais militares do serviço de segurança pública das ruas do Rio de Janeiro, em troca do repasse de parte das gratificações pagas”, argumentam os promotores fluminenses.

Como exemplo, eles citam alguns casos de PMs nomeados no gabinete de Flávio. O tenente-coronel Wellington Sérvulo Romano da Silva ficou pouco mais de um ano lotado no gabinete do filho de Bolsonaro. Nesse período em que esteve cedido para a Alerj, passou 226 dias fora do país.

Para o Ministério Público, seria “impossível” o policial cumprir sua jornada semanal de trabalho na Alerj ao realizar as viagens para Portugal, residência de sua mulher. No entendimento dos promotores, o assessor do então deputado seria um “funcionário fantasma” que foi cedido à Alerj  e “agraciado com férias prolongadas no exterior em troca do repasse de parte da remuneração do cargo em comissão”.

Outro citado é o policial militar Agostinho Moraes da Silva, que, em depoimento ao Ministério Público, disse devolver mensalmente cerca de dois terços do seu salário para Queiroz, confirmando a prática conhecida como “rachadinha”.

“A atividade de segurança pública estadual, já tão carente de recursos humanos e financeiros, foi diretamente prejudicada pelo afastamento de mais um policial militar que deveria estar protegendo a população nas ruas, mas em troca de repassar parte da gratificação de assessor, ganhou de fato ‘férias permanentes’ travestidas de cessão à Alerj”, alerta o pedido de quebra de sigilo.

A defesa de Fabricío de Queiroz afirmou que entrará com um pedido de habeas corpus contra a quebra de sigilo, que considera ilegal.

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