Reprodução / X Javier Milei

Imagem de Milei continua positiva mas cai em todas províncias, diz pesquisa

10.02.24 10:00

A imagem do presidente da Argentina, Javier Milei, continua com saldo positivo em quase todo o país, mas sua popularidade caiu em todas as 25 províncias do país em relação a dezembro, segundo uma pesquisa da CB Consultora divulgada nesta semana.

A CB Consultora foi um dos três grandes institutos que acertaram a liderança tanto do primeiro turno quanto do segundo nas eleições de 2023.

Saldo positivo

 

Segundo o levantamento desta semana, Milei tem saldo de imagem positivo em todas as províncias, menos em três, Santiago del Estero, Rio Negro e Fomosa.

Essas províncias não estão entre as 10 mais populosas da Argentina, nenhuma tendo nem mais de 1,1 milhão de habitantes.

“Nós ainda estamos na chamada ‘Lua de Mel’ dos presidentes. Isso acontece com todos”, diz Orlando D’Adamo, professor da Universidade Belgrano, em Buenos Aires, especialista em opinião pública.

A popularidade de Milei é mais alta no centro-oeste e noroeste do país, em especial nas províncias de Mendoza e Córdoba, fundamentais em sua eleição em novembro.

O presidente tem 68% de aprovação em Mendoza e 66% em Córdoba.

Elas são, respectivamente, a quinta e segunda unidades federativas mais populosas da Argentina.

Como está Milei em Buenos Aires?

 

Na Província de Buenos Aires, a maior do país e representando quase 40% do eleitorado nacional, Milei tem 49% de aprovação.

Essa província, um bastião do kirchnerismo, é a quarta em que o libertário vai pior, atrás apenas das três que ele tem saldo negativo.

Milei segue positivo na Província de Buenos Aires, porque a taxa de rejeição é de apenas, 45,3%.

Já na Cidade Autônoma de Buenos Aires, equivalente ao DF, Milei tem 55% de aprovação.

Com 10% do eleitorado nacional e forte sentimento anti-kirchnerista, a capital figura apenas como a 11ª unidade federativa em que o libertário é mais popular.

Quedas em todas as províncias

 

Apesar de manter saldo positivo de imagem em quase todo o país, Milei perdeu popularidade em todas as províncias argentinas.

O saldo dele caiu 6 pontos percentuais em Córdoba, onde teve a maior queda, apesar de ainda ser a segunda província em que ele é mais popular.

Milei perdeu 5 pontos em seis unidades federativas e 4 pontos em outras cinco, incluindo a capital.

Por que a popularidade de Milei caiu?

 

Segundo D’Adamo, a inflação é o primeiro fator que explica a queda de popularidade.

Em espiral ascendente desde 2022, a inflação foi de 25% ao mês em dezembro e estima-se que, em janeiro, tenha sido de cerca de 20% ao mês.

“Inflação acumulada de dezembro e de janeiro deve beirar os 50%. Salvo exceções no setor privado, os salários não estão acompanhado a inflação”, afirma o professor.

Outro fator são os fracassos legislativos de Milei. Sua reforma trabalhista, implementada via decreto, está embargada em segunda instância.

E, ainda nesta terça-feira, 6 de fevereiro, o plenário da Câmara dos Deputados derrubou semanas de trâmite do pacotão de reformas ómnibus e devolveu o projeto à fase inicial de comissões temáticas.

“Milei não está conseguindo aprovar as suas reformas no Congresso. Se ele não consegue mostrar resultados, não deveria surpreender a queda de popularidade”, afirma D’Adamo.

Popularidade e negociações

 

A popularidade de Milei em algumas províncias deve ser vista como uma ferramenta em suas negociações com o Legislativo.

O pacotão de reformas do governo, conhecido como lei ómnibus, falhou na Câmara dos Deputados principalmente pela resistência de deputados da chamada oposição dialoguista.

Esse grupo é composto por duas forças principais, os radicales e a Coalizão Federal, ambas ligadas à territorialidade, à política local e a governadores.

Uma figura que protagonizou essa resistência foi o governador Martín Llaryora, de Córdoba, segunda província em que o Milei é mais popular.

“Milei tem popularidade suficiente para negociar com as províncias mais complicadas”, afirma D’Adamo, que criticou a ausência do presidente na semana decisiva da votação.

O libertário partiu em viagem oficial a Israel na segunda, 5 de fevereiro, véspera da derrubada do pacotão de reformas ómnibus no plenário da Câmara.

Os comentários não representam a opinião do site. A responsabilidade é do autor da mensagem. Em respeito a todos os leitores, não são publicados comentários que contenham palavras ou conteúdos ofensivos.

500
Mais notícias
Assine agora
TOPO