Alex Silva/Estadão Conteúdo

EXCLUSIVO: Com cambalacho, Lulinha tomou empréstimo no BNDES para comprar equipamentos

05.02.20 16:20

Documentos apreendidos em dezembro pela Polícia Federal na sede da Gamecorp S/A, em São Paulo, mostram que a empresa de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha (foto), comprou equipamentos em 2013 usando dinheiro de um contrato de financiamento do BNDES que foi terceirizado.

O contrato encontrado no escritório do filho primogênito do ex-presidente Lula mostra que a Gamecorp, que tinha a companhia telefônica Oi como sócia, usou um empréstimo a juros baixos concedido pelo banco público a outra empresa de menor porte de Lulinha, a G4, para comprar 36 decodificadores e conversores digitais, pelo valor total de 396 mil reais.

No documento, intitulado “Contrato de Repasse Recursos BNDES”, a Gamecorp se compromete a repassar à G4 todo o valor emprestado pelo BNDES em 22 parcelas, com a inclusão dos juros baixos cobrados, e ainda uma taxa de 10% “referente à administração do contrato” com o banco federal de fomento. Ou seja: foi feita uma triangulação, já que a Gamecorp não se enquadrava nos critérios para a obtenção dos recursos.

A G4 foi criada por Lulinha no mesmo ano da Gamecorp, em 2004, e tem como sócios Lulinha e os irmãos Kalil e Fernando Bittar, proprietário formal do sítio de Atibaia, que era frequentado por Lula e foi reformado pela Odebrecht e pela OAS com dinheiro de propina.

Apreendidos na Operação Mapa da Mina, a 69ª fase da Lava Jato, os documentos mostram que a compra dos equipamentos pela Gamecorp foi feita no dia 14 de janeiro de 2013 e que o empréstimo do BNDES à G4 foi liberado pelo banco no dia 5 de fevereiro daquele ano, com juros de menos de 1% ao mês. Segundo o BNDES, essa modalidade de financiamento é destinada a micro, pequenas e médias empresas ou a empreendedores individuais.

A G4 tem capital social de 100 mil reais e registro para atuar com suporte técnico e manutenção em tecnologia. Já a Gamecorp, que é responsável pelo canal de televisão paga PlayTV, voltado à programação musical e de games, tem capital de 6,48 milhões de reais e recebeu cerca de 83 milhões de reais do grupo Oi/Telemar entre 2004 e 2016.

A PF suspeita que os repasses feitos pela Oi/Telemar às empresas de Lulinha e de seus sócios, como Jonas Suassuna, tenham sido uma forma de pagar propina em troca de decisões favoráveis ao grupo durante os governos do PT.

Na semana passada, a partir de outros documentos encontrados pela polícia na sede da Gamecorp, Crusoé mostrou que, depois da Lava Jato, a Oi passou empréstimos feitos em 2007 pela companhia à empresa de Lulinha (leia aqui).

O advogado Fabio Tofic, que defende Lulinha, classificou o caso envolvendo o empréstimo do BNDES como “ilações despropositadas”.

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