CGU vê problemas em contratos de R$ 72 milhões ligados a líder do governo

A Controladoria-Geral da União, a CGU, encontrou irregularidades em contratos de 72 milhões de reais celebrados pela superintendência da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba, a Codevasf, em Petrolina, interior de Pernambuco. A unidade é comandada por Aurivalter Cordeiro, ex-assessor do líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (foto), do MDB.

O dinheiro foi repassado à Codevasf por indicação do próprio Bezerra, conforme documentos anexados à investigação. Nas duas auditorias que ficaram prontas nesta semana, os técnicos encontraram indícios de superfaturamento, além de uma série de irregularidades na compra de maquinários e na pavimentação de ruas.

Um dos contratos investigados, no valor de 23 milhões de reais, foi fechado com a Liga Engenharia Ltda. Crusoé mostrou em sua edição de número 159 que a empresa pertence ao cunhado de um sobrinho do senador. Um dos relatórios, de 77 páginas, conclui que o dinheiro encaminhado pelo senador foi usado em pregões suspeitos que não apresentam “elementos mínimos necessários exigidos pela legislação pertinente”.

A CGU também diz que as obras em Petrolina estão sendo realizadas sem “qualquer projeto de engenharia, seja anteprojeto, projeto básico ou executivo”. “De modo concomitante, verificou-se que a unidade não proveu adequado planejamento para a fiscalização de todas as obras e serviços licitados, tampouco providenciou estrutura para que a fiscalização atuasse de forma eficiente”.

Dos 3 bilhões de reais do chamado “orçamento paralelo” de Jair Bolsonaro que foram para o Ministério do Desenvolvimento Regional, 459 milhões de reais tiveram a Codevasf como destino. Desse valor, 125 milhões de reais seguiram para o caixa da companhia por indicação de Fernando Bezerra Coelho.

Como mostrou Crusoé em reportagem recente, uma parcela dos valores distribuídos pelo governo foi parar em empresas ligadas a parlamentares aliados que puderam indicar o destino das verbas.

Ao identificar as irregularidades, a CGU emitiu uma série de recomendações à Codevasf, como a de realizar a “prevenção de conluios” nas licitações e promover a fiscalização das obras contratadas.