Divulgação

Cerco ao ‘dono’ do Pros não inibe farra com fundo partidário

13.09.21 13:20

Enquanto lideranças do Congresso articulam um aumento do fundo de campanha para os candidatos gastarem nas eleições do ano que vem e planejam mudanças na legislação eleitoral para afrouxar a fiscalização sobre as despesas partidárias, a farra com o dinheiro do contribuinte dentro dos partidos continua em prática até por quem já entrou na mira da polícia.

É o caso do presidente nacional do Pros, Eurípedes Júnior (foto), que chegou a ser afastado do comando da legenda no início de 2020, depois que vieram à tona os gastos milionários com itens de luxo e para fins pessoais com recursos do fundo partidário. Na lista estão um helicóptero de 2,4 milhões de reais, uma mansão de 4,5 milhões de reais no Lago Sul, em Brasília, e viagens para a Europa, Estados Unidos e Caribe. Com uma bancada de apenas onze deputados, o partido fundado por Eurípedes recebeu 21,6 milhões de reais do fundo partidário em 2020.

A prestação de contas do Pros feita à Justiça Eleitoral mostra que, após conseguir retomar o comando do partido, em março do ano passado, Eurípedes se incluiu na folha de pagamentos da sigla, com salários de 28,8 mil reais por mês. Apesar da polêmica causada pela compra do helicóptero e da rejeição das contas do partido pelo Tribunal Superior Eleitoral, a aeronave continua registrada em nome da sigla e consumindo dinheiro público. Só neste ano, foram 169 mil reais com manutenção.

Como mostrou Crusoé em 2019, o helicóptero ficava guardado no mesmo galpão onde funciona a gráfica do Pros, na cidade de Planaltina de Goiás, a 60 quilômetros de Brasília. Naquele ano, a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão no local em uma investigação por suspeita de desvio de mais de 5 milhões de reais do fundo partidário. A polícia apontou indícios de uso de empresas fantasmas para emitir notas frias ao partido.

Mesmo assim, as despesas suspeitas não cessaram. No ano passado, o Pros gastou cerca de 4 milhões de reais com a compra de materiais e equipamentos gráficos. Alguns dos produtos foram importados da China e do Japão, com valor de frete superior a 40 mil reais. Entre os fornecedores nacionais está uma empresa individual aberta seis meses antes da contratação em Ferraz de Vasconcelos, cidade da Grande São Paulo que fica a mais de mil quilômetros da sede do partido em Brasília e da gráfica em Goiás.

A empresa tem capital social de 20 mil reais e está registrada em nome de Giselle Assis da Silva. Segundo a prestação de contas do Pros, ela recebeu do partido de Eurípedes 1,3 milhão de reais com a venda de equipamentos, como guilhotina para cortar papel. Procurada por Crusoé, Giselle ficou incomodada ao ser questionada sobre o serviço contratado pelo partido. “Pergunta para o Pros, isso não é da sua conta”, disse ela antes de desligar. O presidente nacional do Pros não retornou o contato feito pela reportagem.

Os comentários não representam a opinião do site. A responsabilidade é do autor da mensagem. Em respeito a todos os leitores, não são publicados comentários que contenham palavras ou conteúdos ofensivos.

500
  1. É excelente ver como o financiamento público de partidos moraliza e fortalece a democracia. Escandaloso um país miserável como o nosso despejar tanto dinheiro no sistema político, o mais ineficiente e inescrupuloso dentre todos do Brasil.

  2. É nas ruas que vamos reverter isso. O poder do povo é enorme. Acabar com a farra do dinheiro público em todas as esferas do poder. A gente pode!!!!

  3. Pequenos partidos, grandes negócios!! Essa é a DEMOCRACIA que congresso, STF e parte da imprensa vende pra nós. está tudo errado nas estruturas....MORO 22

  4. Isso só demonstra que os partidos recebem dinheiro demais e não o usam em campanha. Dinheiro público não deveria ser usado para isso.

Mais notícias
Assine agora
TOPO