Daniel Buarque: “O mundo não dá importância ao Brasil”

15.02.24

Há um abismo entre a ambição do Brasil de querer ser uma potência mundial e a importância que as cinco potências com assento permanente no Conselho de Segurança da ONU dão ao país.

A conclusão é do jornalista e pesquisador Daniel Buarque, que acaba de publicar um livro com os achados de sua pesquisa. Na obra Brazil’s International Status and Recognition as an Emerging Power (O status internacional do Brasil e o seu reconhecimento como uma potência emergente, em tradução livre), Buarque coletou as opiniões de 94 diplomatas, ex-embaixadores, cientistas, empresários, funcionários governamentais e jornalistas sobre o poder do Brasil no exterior.

Para eles, o Brasil é um país sem importância, incapaz de interferir nas grandes questões estratégicas, mas que as grandes potências preferem ter a seu lado a ter o país desbancando para o lado rival.

O conceito que eu uso para isso é o de peão cobiçado. Se pensarmos no cenário geopolítico global como um tabuleiro de xadrez, o Brasil é visto como a peça menos relevante, menos poderosa“, diz Buarque. “Ao mesmo tempo, todos esses países, que são grandes potências, querem que o Brasil seja um aliado deles.”

A ideia de peão cobiçado é esta: “O Brasil não é visto como poderoso, mas as potências o querem do seu lado“.

A distância entre a ambição brasileira de ser uma potência e a pouca importância que o país recebe no resto do mundo faz com que o país colecione sucessivos fracassos em política externa. Entre eles estão o acordo mediado pelo Brasil com o Irã e a Turquia, para tentar impedir a bomba atômica dos aiatolás, a tentativa de Lula de mediar a paz na Ucrânia ou de conseguir uma resolução do Conselho de Segurança da ONU pedindo um cessar-fogo na guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza.

Ao mesmo tempo, o desejo de impedir que o Brasil se aproxime de países rivais é o que explica os mimos recebidos pelo governo Lula de chefes de governo e de Estado, como quando o presidente Joe Biden oferece 500 milhões de dólares para o Fundo Amazônia ou assina com o petista uma parceria para ajudar os trabalhadores de ambos os países.

A política externa é muito empolgada no sentido de querer ter uma projeção no mundo, mas as grandes potências não estão preparadas para dar esse espaço para o Brasil“, diz Buarque, que fez doutorado no King’s College, de Londres, e está fazendo o pós-doutorado na USP.

Assista ao vídeo da entrevista com Daniel Buarque, abaixo:

 

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  1. O Brasil é um anão diplomático e tem uma política externa imprestavel, como aprendizado aqui! O Lula gosta mesmo é de ditadores e autocratas, com quem pode fazer negociatas tipo Petrolão

  2. Lula, na sua tentativa de aparecer para o mundo, se esquece que é presidente do Brasil e a cada viagem internacional mais se distancia do seu objetivo e nos envergonha com suas declarações estapafúrdias e sem sentido. Em sua megalomania não se toca que o mundo não lhe dá nenhum valor, seria um mero peão no jogo de xadrez mundial.

  3. Pena que o livro do Daniel Borges seja muito caro. Na Amazon, o exemplar sai a mais de R$ 2.000,00 e a edição kindle a quase R$ 500 00.

  4. Que Brasil que nada. Muito mais atraente e desafiador é escarafunchar os círculos do poder da república do Bananal. Ali, sim, o interesse intergaláctico é monumental. Sobretudo, no quesito inversão das coisas - das leis, da moral e da própria justiça. O resto é o oco, do oco, do oco, do sem fim de mundo.

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