Eu tenho uma lista negra. A colunista social da Folha de S. Paulo está lá. Nada me impede de citar seu nome. Mas isso estragaria minha lista negra, que é minha maior fonte de prazer profissional (depois de Lula na cadeia).

Sou um pioneiro nessa área. Treze anos atrás, publiquei o nome de alguns jornalistas que faziam propaganda clandestina do governo do PT, quase sempre em troca de dinheiro. Na época, um desses jornalistas me chamou de “macartista”. Poupo seu nome porque ele morreu recentemente (Alberto Dines). Os demais jornalistas daquela minha lista também já morreram (ou assim espero).

De 2005 para cá, tudo mudou. Os petistas (e os governistas de Michel Temer, igualmente pagos) continuam a emporcalhar a imprensa, mas são imediatamente desmascarados na internet. Se a colunista social da Folha de S. Paulo publica uma entrevista com o doleiro foragido Rodrigo Tacla Durán, todos os leitores sabem, meia hora mais tarde, quem foi a fonte. Se ela antecipa um voto de Gilmar Mendes para soltar José Dirceu, todos os leitores sabem, meia hora mais tarde, para quem ela telefonou.

Nenhum jornal precisa de ombudsman. O ombudsman está em todas as partes. A imprensa é lenta para se adaptar aos novos tempos, mas os retardatários devem desaparecer. A gritaria na internet garante um jornalismo mais transparente, jogando um leitor contra o outro e uma empresa contra a outra. Nada pode ser mais salutar para um veículo de imprensa do que ser vigiado e escrutinado por seus leitores ou por seus concorrentes.

Meu sócio, Mario Sabino, disse que “um bom jornalista noticia fatos mesmo quando vão contra as suas convicçōes”. É o que eu penso também. E foi o que nos motivou a fazer O Antagonista e a Crusoé. A colunista social da Folha de S. Paulo segue o caminho contrário. Sim, eu sei: é um exagero dedicar uma coluna inteira a alguém relativamente insignificante como ela. Mas não tenho escolha: ela está em minha lista negra.