Reduto de Alcolumbre, Macapá recebeu maior fatia de verba bilionária

Os grupos dos presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre (foto), conseguiram arrancar do Executivo, no apagar das luzes de 2019, 3,8 bilhões de reais. Encaminhado ao Ministério do Desenvolvimento Regional, o valor corresponde a 92% do orçamento extraordinário da pasta no ano passado.

O dinheiro deixou os cofres do órgão carimbado por caciques partidários em convênios direcionados a atender interesses paroquiais, como revitalização de praças, pavimentação de ruas e construção de pontes, informa O Antagonista. 

Por meio da Lei de Acesso à Informação, LAI, e do cruzamento de dados do Portal da Transparência, identificou-se o destino final dos recursos, que não são contabilizados entre as chamadas emendas impositivas. Reduto eleitoral do presidente do Senado, Macapá foi de longe a cidade mais beneficiada com as verbas extras.

Entre 11 e 31 de dezembro de 2019, a capital do Amapá, onde o irmão de Alcolumbre deve concorrer à prefeitura, recebeu a garantia de 112,7 milhões de reais — quase o dobro dos recursos destinados a Petrolina, segunda colocada no ranking. Os planos políticos para o local, aliás, não se restringem à família do senador. 

O próprio Alcolumbre sonha com o governo do estado em 2022 e parece estar, literalmente, pavimentando o caminho até lá. Segundo O Antagonista, os valores dos convênios negociados com o MDR, para pavimentação e recapeamento de ruas na capital foram os maiores do país para uma única cidade. Apenas para a “qualificação de vias” na Rua Elieser Levy, serão 10 milhões de reais.

A cidade natal de Alcolumbre recebeu, sozinha, metade do montante destinado pelo Ministério a todo o estado do Amapá: 224,7 milhões de reais. A influência do presidente do Senado garantiu, ainda, o empenho de 20 milhões de reais para a urbanização da Orla do Araxá, ponto turístico da capital, e 78,3 milhões para melhorias de rodovias estaduais.

Na segunda colocação entre os municípios mais beneficiados, Petrolina tem como prefeito Miguel Coelho, filho de Fernando Bezerra, líder do governo no Senado. Miguelzinho está em busca da reeleição. Na sequência, está Jaboatão dos Guararapes, cujo prefeito, Anderson Ferreira, é afilhado político de Fernando Bezerra e que também busca um novo mandato local.

Quando observados os estados que receberam as maiores fatias da verba extra, lideram Amazonas e Pernambuco. Dos 3,8 bilhões de reais, cerca de 576 milhões de reais foram para o estado amazonense, cuja bancada é coordenada pelo senador Omar Aziz, do PSD. 

Outros 364 milhões de reais destinaram-se a terras pernambucanas. O grupo parlamentar do estado tem como coordenador Fernando Bezerra, líder do governo no Senado.