Adriano Machado /Crusoé

PGR cria novo ‘pedágio’ para instalar grupos de combate ao crime organizado

11.01.22 07:32

A Procuradoria-Geral da República retardou mais uma vez a ampliação dos grupos especializados no combate ao crime organizado, os chamados Gaecos, apresentados pelo PGR, Augusto Aras (foto), como uma alternativa às forças-tarefas que ele desmontou, como as da Operação Lava Jato.

Em funcionamento em sete estados, os Gaecos deveriam ter sido instalados no início deste ano em mais oito procuradorias regionais do Ministério Público Federal, incluindo São Paulo, Ceará, Goiás e Rio Grande do Sul. Mas um despacho publicado pela PGR no dia 23 de dezembro criou um novo “pedágio” para que os grupos comecem a atuar em grandes investigações.

Braço-direito de Aras, o vice-procurador-geral, Humberto Jacques, determinou que a Corregedoria-Geral do MPF faça uma “análise de performance” e “auditoria de gestão de processos” com base nos relatórios produzidos pelos procuradores designados para estruturar os Gaecos. A PGR justifica a medida dizendo que a decisão de criação dos grupos é “irreversível” que é preciso considerar o “quadro de escassez de recursos” do MPF nos “próximos 20 anos”.

A ampliação dos Gaecos foi anunciada por Aras ainda em 2020, em meio às críticas pelo desmonte das forças-tarefas da Lava Jato, modelo atacado pelo PGR. Foram criados Gaecos no Paraná e no Rio de Janeiro, onde a operação de combate à corrupção mais avançou, mas em outros estados com grande demanda de investigações, como São Paulo, o chefe do MPF decidiu criar uma “comissão provisória” que deveria promover a instalação dos grupos até o fim de 2021.

Na antevéspera do Natal, contudo, os procuradores que se candidataram para atuar nos Gaecos foram pegos de surpresa com o novo despacho da PGR, condicionando a instalação definitiva dos grupos de combate ao crime organizado a uma análise da corregedoria. “Ninguém entendeu absolutamente nada. Como o prazo das comissões provisórias terminou em dezembro, o trabalho fica paralisado agora”, afirma um dos procuradores.

Os Gaecos são responsáveis por atuar em grandes casos e podem ser requisitados por um procurador da República que se deparar com uma investigação complexa, como esquema de corrupção ou tráfico de drogas. Os integrantes têm mandato de dois anos e podem receber um valor adicional no contracheque caso acumulem o trabalho exercido no grupo com as funções de seus cargos de origem.

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  1. Tudo para abafar ou atrasar as investigações e os roubos dos amigos. Uma vergonha para todos os procuradores que já passaram pelo cargo e os que passarão.

  2. O q o Brasil vive hoje é igual ao q a Colômbia viveu na época do Pablo Escobar, e o México viveu na ascensão e queda de vários cartéis, dentre eles o de Juárez, do Senhor do Céus, e o de Sinaloa, comandado por El Chapo. Essas organizações criminosas cooptaram a política e a justiça, obrigando o estado a agir de acordo com os seus interesses. Somente a DEA foi eficiente p/ combater o crime, num estado controlado pelo crime. Precisamos de uma DEA no Brasil, p/ combater à corrupção sistêmica.

  3. sugiro criar um trem destes aqui no Ceará onde a bandidagem e gangs tomaram conta da periferia enquanto o governo da CPI para punir a sua polícia.

  4. O Prevaricador Geral da República , Aras, não fez .. nem faz .. quando deveria fazê-lo.Sua omissão contribuiu decididamente contra o fortalecimento da democracia , ao combate à corrupção e à impunidade e a desconstrução da Procuradoria Geral da República tal qual é anunciado na Constituição . Pecha da qual não se livrará nunca . Cujo prejuízo só não é maior ao impingido ao país . Que vergonha .

  5. “É preciso considerar o quadro de escassez de recursos nos próximos 20 anos.” Isso não é justificativa! A PGR não tem interesse nenhum em alguma coisa que se relaciona ao combate à corrupção. É vergonhoso!

  6. Assumindo que a PGR seja mais um Órgão de alto nível do Poder Judiciário (não estou seguro de sua filiação) nada mais natural que ele se enquadre na grandiosa confusão que caracteriza a Justiça no Brasil. O que esperar de positivo de tal Sistema?

    1. Os procuradores deveriam se rebelar contra esse PGR subserviente e vergonhoso

    2. Paulo I, na teoria não tem, mas na prática sabemos que o PGR normalmente é lambe botas do mandatário do executivo que o escolhe e cúmplice das canalhices dos congressistas que batem o martelo por sua escolha. O que precisa mudar é a forma como são escolhidos os Ministros das Cortes Superiores, Desembargadores e também o cargo de PGR. Mas isso os políticos corruptos não querem né? nem o Bolsonaro quer...

    3. "O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e difusos" ( CF, art. 127). No par. 2o do mesmo artigo, a Constituição assegura ao MP autonomia funcional e administrativa. Portanto não tem vinculo de subordinação a nenhum dos três Poderes da República.

    4. Registre-se que a PGR não faz parte do Poder Judiciário e sim do Poder Executivo (,como o Ministério da Justiça , a AGU, a PF , o COAF )Portanto todos os titulares destas pastas devem “obediência “ ao Bolsonaro. Excessão daqueles que , pela biografia, comprometimento à princípios morais se insurgem e saem do governo , como aconteceu com alguns . Moro exemplo perfeito .

  7. E incrível como todos os poderes estão “podres” e os bandidos instalados em todos eles. Só defendem e tomam decisões para proteger os bandidos! Inverteram-se os valores! UMA VERGONHA

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