Isac Nóbrega/PRBraga Netto tem fama de mandão de cima para baixo e de obediente de baixo para cima

Parlamentares criticam Braga Netto por dizer que golpe de 64 pacificou o país

30.03.21 21:06

Deputados e senadores fizeram duras críticas ao general Walter Braga Netto, que, na primeira manifestação como ministro da Defesa, sugeriu a celebração do golpe de 1964 e afirmou que, à época, as Forças Armadas assumiram a “responsabilidade” de “pacificar o país, enfrentando os desgastes para reorganizá-lo e garantir as liberdades democráticas que hoje desfrutamos“.

As declarações constam da Ordem do Dia alusiva aos 57 anos do golpe de 31 de março, assinada pelo novo ministro. “O movimento de 1964 é parte da trajetória histórica do Brasil. Assim devem ser compreendidos e celebrados os acontecimentos daquele 31 de março“, pontua o texto.

O vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos, do PL do Amazonas, ressaltou que a Ordem do Dia narra o período da ditadura militar como se “os excessos como a tortura e os assassinatos não tivessem ocorrido“.
Não se pacífica um país com tortura, assassinato e censura“, emendou.

Marcelo Ramos, no entanto, colocou panos quentes na situação. “Eu prefiro olhar pra frente e ler o compromisso com a missão de respeito aos poderes constitucionais.

Um dirigente de um partido do Centrão, ouvido sob reserva por Crusoé, disse parecer “falta de inteligência” a divulgação do texto em meio à crise nas Forças Armadas. “Para nós a nota já era esperada, porque foi o que aconteceu desde o começo do governo. Só me parece muita falta de inteligência política divulgar isso no mesmo dia em que os chefes das três Forças são demitidos“.

O deputado Carlos Zarattini, do PT de São Paulo, afirmou que Braga Netto “repete a cantilena dos militares” e avaliou que “o melhor seria eles virarem a página e não se meterem na política“. “Poderiam copiar seus colegas militares norte-americanos que se recusaram a cumprir as ordens repressivas de Trump. Militares não têm que ficar fazendo ordem do dia, têm que se dedicar a defesa do país, do povo e nesse momento combater a pandemia“, declarou.

Listando outros episódios controversos relacionados a bolsonaristas e ocorridos nas últimas 48 horas, a deputada Tabata Amaral, do PDT de São Paulo, questionou “o que falta” para o impeachment. “Presidente da CCJ prega motim policial, militares contrários ao radicalismo saem do governo, apresentam PL autoritário, novo recorde de mortes por Covid. E agora o ministro da Defesa diz que golpe de 64 pacificou país e deve ser celebrado. Tá faltando o que para pautar o impeachment?“.

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