O economista argentino Javier MileiJavier Milei: candidato sui generis em um país sui generis - Foto: Agustin Marcarian/Reuters

Onda é boa para Milei e péssima para a direita tradicional

31.08.23 17:54

Um recorte das pesquisas eleitorais na Argentina pós-primárias mostra uma tendência ótima para o candidato presidencial da direita radical, Javier Milei, e péssima para a coalizão Juntos por El Cambio, do ex-presidente Mauricio Macri.

Levantamento do instituto Opinaia, realizado na semana passada, calcula o momento da transferência de votos das PASO, como são chamadas as primárias, para o primeiro turno.

Em suma, o recorte calcula a composição da intenção de voto em cada candidato com base em quem os entrevistados declararam ter votado nas primárias.

Manutenção dos votos

Segundo o Opinaia, Milei, que foi o mais bem votado nas PASO, é o presidenciável que mais retém seus votos.

Cerca de 91% dos entrevistados que declararam ter votado no candidato da direita radical intendem votar nele no primeiro turno.

A taxa do candidato da situação, o ministro da Economia, Sergio Massa, está em empate técnico com Milei. A manutenção dos votos em Massa chega a 89%.

A pior performance entre os três principais presidenciáveis é a da candidata oficial do Juntos por El Cambio, a ex-ministra de Segurança Pública de Macri, Patricia Bullrich.

O Opinaia aponta que Bullrich mantém apenas 84% dos votos que recebeu nas PASO.

A maior parte da evasão, 12%, foi para Milei.

“O Juntos por El Cambio deixou de ser a principal oposição depois de perder cerca de 4 milhões de votos para Milei nas primárias”, diz Orlando D’Adamo, diretor do Centro de Opinião Pública da Universidade de Belgrano, na Argentina.

“Até as principais pesquisas, por enquanto, dão Milei e Massa no segundo turno”, acrescenta, incluindo a do Opinaia.

Votos dos perdedores das primárias

A sangria na coalizão de Macri também parte dos votos recebidos pelo pré-candidato derrotado por Bullrich nas primárias, o governador da cidade de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta.

De todos os entrevistados que declararam ter votado em Larreta nas primárias, apenas 56% afirmaram ter intenção de votar em Bullrich no primeiro turno.

Larreta era um candidato de centro, situado entre Bullrich e Massa. Antes das PASO, muitos analistas previam vazão de votos do governador para o ministro da Economia.

Entretanto, segundo a Opinaia, apenas 3% dos votos de Larreta vão para Massa pelo momento, enquanto que 23% vão para Milei.

O candidato da direita radical, que foi o único de sua coalizão nas primárias, também está conseguindo arrancar 7% dos votos de Juan Grabois, o sindicalista de esquerda amigo do papa que perdeu para Massa pela candidatura da situação.

D’Adamo enxerga limitações para Milei capitalizar os votos tanto de Larreta quanto de Grabois por, respectivamente, representar voto de rebeldia e apresentar ideias libertárias, em defensa do Estado mínimo.

“Os eleitores de Larreta raramente se juntariam a um candidato antissistema e os de Grabois estão muito à esquerda”, diz D’Adamo.

Votos da abstenção

As PASO presidenciais deste ano tiveram a maior taxa de abstenção desde a sua implementação, no início da década passada.

Cerca de 11 milhões de argentinos se abstiveram de votar.

Para parâmetro de comparação, Milei foi o pré-candidato mais bem votado com 7 milhões de votos. Em segundo, Massa teve 5 milhões.

Do montante dos que se abstiveram nas primárias, que pode ser decisivo, 34% declararam ao Opinaia a intenção de votar em Milei.

A segunda colocada na disputa por esses votos é Bullrich, com apenas 16%.

Os comentários não representam a opinião do site. A responsabilidade é do autor da mensagem. Em respeito a todos os leitores, não são publicados comentários que contenham palavras ou conteúdos ofensivos.

500
  1. Tomara que Milei faça um bom governo e dê exemplo às esquerdas pois estas não sabem governar. Boa sorte Argentina!

Mais notícias
Assine agora
TOPO