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Lula não sabe nada sobre Julian Assange

O presidente Lula, em discurso na ONU nesta terça, 19, afirmou que é “fundamental preservar a liberdade de imprensa“. Em seguida, teceu comentários sobre o “jornalista” Julian Assange, que segundo o presidente “não pode ser punido por informar a sociedade de maneira transparente e legítima“. Há vários equívocos aí. Em primeiro lugar, Assange não é jornalista.
19.09.23 13:00

O presidente Lula, em discurso na ONU nesta terça, 19, afirmou que é “fundamental preservar a liberdade de imprensa“.

Em seguida, teceu comentários sobre o “jornalista” Julian Assange, que segundo o presidente “não pode ser punido por informar a sociedade de maneira transparente e legítima“.

Há vários equívocos aí.

Em primeiro lugar, Assange não é jornalista. Não escolhe quais informações irá publicar, não cultiva fontes, não edita para que suas descobertas fiquem mais interessante ou claras para o leitor ou telespectador. Ele apenas jogava em seu site, o Wikileaks, milhares de dados que tinham sido ilegalmente obtidos, sem considerar as consequências dos vazamentos ou a melhor forma de apresentá-los. Em vez de chamá-lo de jornalista, Lula deveria chamá-lo pelo que ele é de fato: um hacker.

Ao publicar essas informações sem qualquer critério, Assange colocou em perigo vidas de pessoas no mundo todo que contribuíam com os americanos. Não é o que se poderia chamar de “informar a sociedade de maneira transparnte e legítima“.

Ao se colocar em defesa de Assange, Lula tenta minar a possibilidade de que o hacher enfrente a Justiça. O australiano está preso na Inglaterra e aguarda ser extraditado para os Estados Unidos. Uma vez em território americano, ele deverá responder a um tribunal, onde terá amplo direito de defesa e será julgado conforme as leis americanas.

O principal crime pelo qual Assange deve responder nos Estados Unidos é o de ter ajudado o analista de inteligência Bradley Manning, que depois trocou de gênero e se tornou Chelsea, a invadir computadores do Departamento de Defesa do governo americano. O processo judicial narra uma conversa entre Julian Assange e Bradley Manning no dia 8 de março de 2010. No diálogo, Manning consegue passar para Assange parte de uma senha que estava arquivada no computador do Departamento de Defesa. Dois dias depois, Assange retornou e pediu mais informações sobre a senha para Manning. O australiano estava tentando quebrar o código, mas “não estava tendo muita sorte“.

Na ONU, Lula disse que “nossa luta é contra a desinformação e os crimes cibernéticos“. Mas o que Assange e Chelsea Manning cometeram não foi nada além de um crime cibernético. Eles roubaram e divulgaram dados confidenciais. Não há nada de legítimo nisso, portanto. Não faz sentido defender uma luta contra os crimes cibernéticos e ao mesmo tempo apoiar as pessoas que os cometem.

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