Lula e JBS, o reencontro

Lula vai nesta sexta-feira, 12, a uma fábrica da JBS em Campo Grande, acompanhar o primeiro embarque de carne para a China a partir de plantas recém-habilitadas para exportar ao país asiático. O presidente finalmente irá se reencontrar com a empresa processadora de proteína animal que foi um dos símbolos da política econômica petista por duas décadas.

A fábrica dos irmãos Batista é uma das 38 que foram habilitadas pela China em 12 de março. Segundo o comunicado oficial do governo, são 24 de processamento de bovinos, oito de frangos, além de um de termoprocessamento —  além de cinco entrepostos. Antes da última atualização, o Brasil tinha 106 plantas habilitadas para a China, sendo 47 de aves, 41 de bovinos e 17 de suínos.

Não haveria, aparentemente, muita razão para Lula visitar especificamente a fábrica no estado de sua ministra do Planejamento, Simone Tebet. Mas a agenda marca o reencontro da empresa e do presidente que a alçou ao status de gigante mundial no setor, graças à sua política de “campeões nacionais”.

Com ela, a empresa contou com um crédito farto do BNDES, o banco estatal de fomento econômico, para alavancar uma estratégia de fusões e aquisições no mercado internacional — mais notadamente o americano. A empresa registrou, no final de 2023, receita líquida de 364 bilhões de reais e com EBITDA de 17 bilhões de reais. No quarto trimestre, a receita líquida somou 96,3 bilhões de reais, uma alta de 3,7% na comparação anual.

A política irrigou a corrupção dos governos Lula e Dilma, no início dos anos 2010. Em delações apresentadas em 2017,Joesley disse que Guido Mantega e Antonio Palocci receberam propina da empresa, assim como o então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Governadores também estiveram envolvidos na irrigação de verbas ilegais, assim como as campanhas de Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) em 2014 foram turbinadas com a benevolência da empresa. No ano passado, a empresa contou com a ajuda do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, para ter uma multa bilionária suspensa.

No retorno do governo do PT, Joesley e Wesley Batista — o outro irmão  no comando da multinacional — se reaproximaram do petista: eles inclusive foram à China, na comitiva que acompanhou a viagem de Lula a Xi Jinping.

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