Adriano Machado/Crusoé

Em sessão tensa, Aras diz ter provas contra a Lava Jato e faz duras críticas a conselheiros

31.07.20 19:28

Criticado pelos recentes ataques à Lava Jato, o procurador-geral da República, Augusto Aras (foto), afirmou ter provas contra as forças-tarefa e declarou que as reprovações vocalizadas nesta sexta-feira, 31, por integrantes do Conselho Superior do Ministério Público Federal são fruto de uma “oposição sistemática”.

O PGR se manifestou após ouvir a leitura de uma carta aberta assinada por Nicolao Dino e outros três conselheiros contrários às suas declarações em uma live durante a qual disse ser hora de “corrigir os rumos para que o lavajatismo não perdure”

No texto, os conselheiros alegaram que a fala do PGR “não constrói e em nada contribui para o que denominou de ‘correção de rumos'”. “Por isso, não se pode deixar de lamentar o resultado negativo para a Instituição como um todo – expressando, por que não dizer, nossa perplexidade –, principalmente por se tratar de graves afirmações articuladas por seu Chefe, que a representa perante a sociedade e os demais órgãos de Estado”, diz um trecho.

Exaltado, Aras deu uma dura resposta de cerca de 20 minutos. Ao início da fala, argumentou que não se dirigiu, no evento, “senão pautado em fatos e provas”. “Caberá à Corregedoria-Geral e ao Conselho Nacional do Ministério Público apurar a verdade, a extensão, a profundidade, os autores, os coautores e os partícipes de tudo que declarei, porque me acostumei a falar com provas – e tenho provas. E essas provas já estão depositadas perante os órgãos competentes”, afirmou.

Logo depois, Aras endureceu o discurso. Disse ter “gostado de saber” que Dino foi porta-voz “de alguns que fazem oposição sistemática ao procurador-geral da República e que vivem a plantar fake news”. Ele ainda criticou o uso do anonimato por integrantes do Conselho para criticá-lo na imprensa e pediu um “pacto pela decência e dignidade”.

“Sob a voz lânguida de algum colega existe a peçonha da covardia de não mostrar a cara, de não mostrar sua assinatura”, disparou. “Quando tivermos condições de conversar com a dignidade, sem fake news, covardia, traição, mentira, propiciadas por aqueles que estão aqui na casa, acho que teremos paz”.

O PGR acrescentou que, muitas vezes, é “mais conveniente ficar na oposição”. “Estar na oposição é ter o poder, e com a mídia, que vive a babar o sangue de reputações e imagens”, disparou, ressaltando que trata os colegas “com respeito”. “Agora, não me venha Satanás pregando quaresma”, completou.

Próximo ao fim do discurso, Aras sustentou ter conhecimento sobre o que é “anarcossindicalismo” e “o que foi implantado nessa casa (MP) há 16 anos”. “Eu sei a política de grupos e sei como cada um aqui agiu, porque sou testemunha e estou aqui para não permitir que esse aparelhamento, incompatível com a República e a democracia, perdure ao menos sob minha gestão”.

Poucos minutos depois, o PGR encerrou a sessão e saiu da sala na qual conduzia a reunião por meio de videoconferência, sem dar chance de tréplica aos demais conselheiros.

Ao início da sessão, os presentes já haviam protagonizado uma tensa discussão. Naquele momento, Aras cortou a fala de subprocuradores que pretendiam elencar as críticas a seus ataques à Lava Jato e Dino o acusou de “cercear a palavra”.

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