Foto: Marinha do Brasil via FlickrFuncionário passa o crachá sob a vigilância atenta de militares

Durante GLO, apreensões de drogas caem em aeroportos

25.03.24 09:42

A operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO)  instalada pelo governo federal no Rio de Janeiro, assim como em portos e aeroportos do Rio e em São Paulo, não parece ter surtido nenhum efeito em conter o crime organizado na cidade. E quem mostra isso são os números do próprio governo. Nos primeiros 86 dias da operação sob controle das forças armadas, os volumes de droga apreendidos na cidade caíram sensivelmente.

Os dados foram obtidos por meio da Lei de acesso à Informação (LAI), pela agência Fiquem Sabendo. Nos aeroportos de Rio e São Paulo, entre 6 de novembro de 2023 — primeiro dia de efeito da GLO assinada por Lula — até 31 de janeiro de 2024, foram apreendidos 468,4 quilos de drogas nos aeroportos de Guarulhos em São Paulo e Galeão no Rio de Janeiro. É uma queda de 27,2% na comparação com o mesmo período do ano anterior, quando 643,2 quilos haviam sido apreendidos sem o efeito da GLO.

Nos portos do Rio e de Santos, o dado mais surpreendente: não foram registradas apreensões de drogas no período, o que em tese representaria uma queda de 100% em relação ao mesmo período do ano passado. Só em janeiro de 2023, uma operação da Marinha e da Receita Federal, junto com a Polícia Federal, apreendeu 290 kg de cocaína em Santos, a principal rota de saída das drogas no país.

A própria agência alerta que os números, isoladamente, podem contar histórias opostas: não apenas os números seriam indício no fracasso das operações nos portos e aeroportos, como também indicar o sucesso na fiscalização, apreendendo quantidades antes de chegar aos terminais.

Em 31 de janeiro, antes de deixar o Ministério da Justiça, o então ministro Flávio Dino divulgou um balanço onde 77 toneladas de drogas teriam sido apreendidas pela GLO —,  sendo 148,1 milhões de reais em maconha e 1,2 bilhão de reais em cocaína.

Como a Crusoé mostrou na edição 289, no entanto, esta operação está fadada a não ser um sucesso. “O argumento de que a GLO poderia afetar organizações criminosas ao impedir o tráfico de drogas ou de armas tampouco faz sentido, pois ignora o modo como operam esses grupos e a melhor maneira de combatê-los”, explicam Duda Teixeira e Gui Mendes. “Normalmente, uma apreensão de drogas em um porto brasileiro começa com informações fornecidas pelas polícias dos países de destino da carga.”

Leia na Crusoé #289: Teatro do Improviso, sobre a GLO no Rio de Janeiro

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