Instituto Lula

Da anulação de provas à prescrição: os caminhos que podem beneficiar Lula em Brasília

08.03.21 18:22

A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin que anulou as condenações do ex-presidente Lula na Operação Lava Jato não excluiu a possibilidade de ser aplicada uma nova punição ao petista em razão dos supostos esquemas de corrupção envolvendo empreiteiras que mantinham contratos com a Petrobras. No entanto, reduziu a possibilidades mínimas a imposição de novas condenações. O petista pode ser beneficiado pela prescrição dos processos e, também, pela maneira como a Justiça Federal de Brasília, responsável por analisar novamente os casos, tem tratado processos da Lava Jato.

A prescrição passa a ser uma possibilidade real. Os fatos julgados nos processos relativos ao tríplex do Guarujá, ao prédio do Instituto Lula e ao sítio de Atibaia são relativos ao período compreendido entre  2009 e 2010. Como Lula tem mais de 70 anos, o tempo para a prescrição das penas é reduzido pela metade. “Com a anulação, inclusive do recebimento da denúncia, os fatos basicamente estarão prescritos, pois eventual sentença que vier a ser imposta ficará dentro dos marcos prescricionais“, afirma o procurador Januário Paludo, que integrou a força-tarefa da Lava Jato.

Fachin acolheu os argumentos da defesa do ex-presidente de que não haveria provas nos processos que ligassem as propinas supostamente pagas ao ex-presidente a crimes praticados na Petrobras. Por isso, o ministro entendeu que todas as decisões da Justiça do Paraná são nulas e os processos deveriam ser julgados, novamente, pela Justiça Federal do Distrito Federal.

É justamente aí que entra um segundo fator que pode beneficiar o ex-presidente. Diferentemente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que tinha um alto índice de confirmação das sentenças da Lava Jato, e de rejeição de habeas corpus dos investigados, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região tem um longo histórico de decisões que trancaram ou emperraram investigações sobre corrupção. Uma das denúncias mais robustas contra o ex-presidente, que envolvia repasses de 30 milhões de reais, foi enterrada na corte. O próprio relatório de Coaf sobre Frederick Wassef tomou o mesmo caminho. O TRF-1 também anulou investigações sobre o ministro Paulo Guedes. Recursos de Lula contra os julgamentos teriam muito mais chances de prosperar em turmas mais garantistas da corte.

Em situações semelhantes à do ex-presidente Lula, a Justiça Federal em Brasília também não foi muito, digamos, simpática com as denúncias encaminhadas pelo Paraná. Uma decisão de Gilmar Mendes, proferida em 2019, semelhante à de Fachin que beneficiou Lula, tirou da Justiça do Paraná e enviou para Brasília um processo da 63ª fase da Lava Jato, batizada de Operação Carbonara Chimica, que tinha como alvos o ex-ministro Guido Mantega e executivos da Odebrecht. Após a decisão de Gilmar, a ação contra o ex-ministro chegou às mãos do juiz Marcus Vinícius Reis Bastos, da 12ª Vara Federal do DF, especializada em lavagem de dinheiro. No mérito, o juiz rejeitou a denúncia, por entender que as provas eram frágeis. Reis Bastos também anulou todas as provas colhidas pela apuração por entender que elas foram colhidas por “juízo incompetente”. Como a situação é idêntica à de Lula, os defensores do ex-presidente certamente poderão utilizá-la em favor do petista.

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  1. Sérgio Moro tem que entrar nessa batalha eleitoral, pois é o único com envergadura moral para enfrentar essa polarização ferrenha que vai se formar.

  2. O MAIOR LADRÃO DO BRASIL FOI CONDENADO EM TRÊS INSTANCIAS POR NOVE MAGISTRADOS E AGORA ANULA-SE TUDO. TEM JUSTIÇA NESSE PAÍS?

  3. Ksks e ainda tem aquela coluna aqui na Crusoé dizendo pra amarmos o Brasil, mesmo diante de tudo isso, ahhh pelo amor. Amar essa merda, nunca

  4. O Brasil e suas instituições kkkk Vamos falar sério? Viram o futebol do Palmeiras ontem? E o novo álbum do Diogo Nogueira.

  5. Fachin jogou finalmente a "merda no ventilador". Próximo passo é a extinção da segunda turma do STF, onde há concentração de juízes pró corrupção. ou seja, acabar com essa divisão de turmas no STF. salve Moro da máfia da corrupção dos 3 poderes.

  6. Este Fachin é PT de carteirinha ,portanto não poderiamos esperar coisa melhor.Agora só falta ele pedir a prisão do Sergio Mouro. Espero que esse julgamento definitivo no plenario do STF, os ministros que tenham vergonha na cara não deixem esta trama ,,levar o cachaceiro novamente a ser candidato a presidencia.

  7. Revolta, asco e vergonha da nossa justiça são os sentimentos que tenho com essa decisão. Enquanto não acontecer uma revolta do povo contra essas decisões que beneficia corruptos poderosos elas se repetirão. Fosse um cidadão comum ele seria agraciado com tal decisão?

    1. Zé, fala a verdade, você vai na festa dos cumpanheros amanhã né?

  8. A decisão é arriscada, porque livra o DR. SÉRGIO MORO das garras dos urubus marginais petralhas do stfinho, poupa a Lavajato do extermínio mas, deixa o marginal luladrão elegível. Entretanto, esse marginal tem mais processos nas costas. E veremos o que fará o Juiz do DF. Calma, pessoal.... num primeiro momento fiquei também perplexa e furiosa mas, é uma tática jurídica cujo resultado final com certeza será positiva. Aguardemos.

  9. Infelizmente o sistema judiciário no Brasil, além de caro( o mais caro do mundo), só serve pra tirar bandidos da cadeia, e deixar o povo indignado com tanta impunidade.

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