Agência Brasil

Aloysio foi ousado ao procurar Gilmar, mas não há suspeição, diz Dodge

11.03.19 18:08

Ao mandar arquivar o pedido de suspeição feito pelos procuradores da Lava Jato no Paraná contra o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, a procuradora-geral Raquel Dodge (foto) criticou a postura do ex-chanceler Aloysio Nunes Ferreira, de procurar o ministro para tentar influenciar em uma decisão relacionada a Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, considerado operador financeiro do PSDB.  Mas disse que o caso não configura “amizade íntima”.

Para Dodge, o fato de o ex-chanceler, e não seu advogado, ter procurado Gilmar não é fundamento capaz de impedir, por si só, o ministro do STF do caso de uma reclamação de Souza contra a sua prisão pela Lava Jato. Na avaliação da Procuradoria-Geral da República, a lei exige “amizade íntima”, que não ficou comprovada nas ligações. Só foi possível saber o horário dos telefonemas, e não o seu conteúdo.

“Os fatos narrados pelos representantes – extraídos de diligências apuratórias autorizadas em medidas cautelares judiciais, que lhes permitiram acesso a comunicações telefônicas e telemáticas de Aloysio Nunes Ferreira – chamam a atenção pela ousadia do investigado em, aparentemente, tentar interceder a favor de um réu em ação penal na qual atuaria como testemunha”, reconheceu a procuradora-geral da República, que teve o apoio de Gilmar para ser nomeada para o cargo pelo então presidente Michel Temer.

Dodge lembrou que Gilmar revogou a liminar que beneficiava Souza, na reclamação feita pela defesa, quando recebeu os esclarecimentos da juíza Gabriela Hardt, da 13ª Vara Federal de Curitiba sobre a prisão do ex-diretor da Dersa. Além disso, Aloysio Nunes trocou mensagens com o também ex-ministro Raul Jungmann para descobrir o número do celular de Gilmar. Por fim, os telefonemas foram curtos e, segundo o relato de Aloysio, o ministro teria sido “vago e cauteloso”.

“O fato narrado na representação, inclusive, de ele se valer de terceiros para pedir o telefone pessoal do ministro e conseguir acesso evidencia que, concretamente, não há prova da amizade íntima entre Aloysio Nunes e o Ministro Gilmar Mendes. O próprio relato que ele fez a seu advogado sobre como teria sido a conversa com o Ministro, conforme narra a representação acerca de registro da comunicação pelo aplicativo eletrônico, também não revela situação de amizade íntima, seja pelo tempo de comunicação, seja pela informação apresentada de que o Ministro foi vago e cauteloso”, argumentou Dodge.

Aloysio e Paulo Preto são defendidos pelo mesmo advogado. A Lava Jato descobriu os contatos a partir do celular do ex-chanceler, apreendido na 60ª fase da operação, em fevereiro. Para a força-tarefa no Paraná, esses contatos entre Gilmar Mendes e o ex-ministro do governo Temer ocorreram de forma “acintosa”.

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