Arte/Crusoé

George Sturaro: o “fedor tipo exportação” brasileiro

01.03.24

Um navio que partiu do Brasil levou o caos para a Cidade do Cabo, na África do Sul, este ano. Carregado com 19 mil cabeças de gado vivas em seu interior, a embarcação exalava um cheiro muito forte — devido à quantidade impressionante de dejetos dos animais. A cidade foi tomada por um “fedor inimaginável”. O cheiro de amônia permaneceu no ar mesmo dias após o navio ter partido rumo ao Iraque, seu destino final.

O caso, explica George Sturaro, gerente de investigações da Mercy for Animals (MFA), é um exemplo claro da crueldade envolvida na prática do embarque vivo de animais, pois os bichos viajam por várias semanas, sobre seus próprios dejetos, em condições estressantes.

O que foi visto na África do Sul não é exceção. Nesta edição do quadro Crusoé Entrevistas, Sturaro aponta que o Brasil, como um dos líderes da exportação de proteína animal em todo o mundo, tem uma participação importante nesse comércio, que costuma ter como cliente os países do Oriente Médio.

“Esses países compram os animais sob o argumento de que querem realizar o abate hallal, nos países de maioria muçulmana, ou kosher, no caso de Israel”, explicou. “O Brasil é o maior produtor e exportador do mundo de carne hallal e teria condições de suprir essa demanda.”

“A gente não precisa colocar animais dentro de barcos e submetê-los a viagens de três a quatro semanas, em condições de imundície e insalubridade, por uma demanda que pode ser atendida de outra forma.”

Normalmente, esses grandes navios têm capacidade para até 40 mil cabeças de gado. O envio de animais vivos, contudo, não é uma prática necessária, uma vez que o Brasil e outros países têm capacidade de abate segundo as regras religiosas.

Em 2018, a cidade de Santos (SP) passou pelo mesmo problema, com a população sofrendo com o fedor durante o embarque de animais. A operação só foi autorizada após o ministro Edson Fachin derrubar uma lei municipal proibindo o embarque. No Brasil, dois estados e o Congresso Nacional discutem o banimento da prática.

Assista abaixo à íntegra da entrevista:

 

 

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  1. Quiçá ao invés do banimento a legislação deve ser revista para limitar tempo de transporte ou condições de transporte. Creio que ficou por abordar a legislação que já regula o transporte.

  2. PREJUÍZOS AOS PRODUTORES E AOS EXPORTADORES NACIONAIS: DEPOIS DO LEITE, MAIS UMA VEZ, A ONG MERCY FOR ANIMALS ESTÁ DENEGRINDO A IMAGEM DA PRODUÇÃO PECUÁRIA.

  3. Nenhuma novidade a nação também navega sob dejetos dos podres poderes acolitados a achacar o $$$ e na ditadura imoral e criminosa aos manés .. e o fedor se sente de Plutão, esta a infeliz, cruel e dura verdade de um povo ignorante algoz de si mesmo sob falsa democracia limitada pelos sátrapas e seus vizires.

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