Marcos Corrêa/PR

Quem é o agente da PF próximo a Bolsonaro que esteve na reunião com a Pfizer

12.05.21 18:01

O ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten afirmou nesta quarta-feira, 12, em depoimento à CPI da Covid, que foi “assessorado” pelo “assistente” João Paulo Dondelli (foto) na primeira reunião que fez com executivos da Pfizer, no Palácio do Planalto, para discutir a compra de vacinas contra o coronavírus, em novembro do ano passado.

Nomeado como diretor de “Projetos Especiais” da Secretaria de Comunicação da Presidência em setembro do ano passado, Dondelli é papiloscopista da Polícia Federal e foi um dos integrantes da chamada “Equipe Messias”, responsável pela segurança do presidente Jair Bolsonaro na campanha de 2018.

A ida de Dondelli para a Secom coincide com o período em que o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência, Alexandre Ramagem, levou outros agentes da PF que também atuaram na escolta de Bolsonaro nas eleições para a Abin. Esses agentes são considerados pessoas de confiança da família Bolsonaro e integram a chamada “Abin Paralela”, que executa serviços fora do escopo da agência a pedido do Planalto.

Na CPI, Wajngarten disse que Dondelli o assessorou na reunião do dia 17 de novembro de 2020, com o presidente da Pfizer do Brasil, Carlos Murillo, que irá depor à comissão nesta quinta-feira, 13. Segundo o ex-secretário de Comunicação, outras duas reuniões com executivos da Pfizer ocorreram dois meses depois de o governo federal ter ignorado uma carta enviada pela empresa propondo uma negociação para compra de vacinas contra a Covid-19. O negócio só foi efetivado neste ano e as primeiras doses chegaram ao Brasil em abril.

A atuação de Dondelli na Secom é pouco conhecida por funcionários que trabalham no Planalto. O currículo entregue pelo agente ao governo diz que seu objetivo é o de “prestar assessoria governamental voltada à análise de dados, atos e procedimentos em área especificada, a fim de criar ambiente transparente e de governança pública”.

Em linguagem vaga e generalista, Dondelli diz ainda que trabalha na “comunicação com canais de governança e administração de projetos e pessoas voltadas ao objetivo colocado pela administração”. Em janeiro, Crusoé mostrou que o tal “Departamento de Projetos Especiais” não havia produzido até então um documento oficial sequer que tivesse passado pelo sistema eletrônico de processos do governo.

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