STF/DivulgaçãoO plenário do tribunal: hora de tirar lições de Estados Unidos e Argentina

Quando o ativismo judicial do STF fica obsoleto

03.09.23 09:09

Falta apenas um voto para que o Supremo Tribunal Federal libere o porte de maconha para uso pessoal até uma certa quantidade. A decisão, contudo, tenta reescrever a Lei Antidrogas, que foi aprovada pelo Congresso em 2006 e definiu o tratamento que deveria ser dado para usuários e para traficantes. Mais uma vez, o Judiciário brasileiro está substituindo as funções do Legislativo.

Mas, mesmo com toda a discussão em voga, há um grande risco de o que for decidido cair no esquecimento. Foi isso o que ocorreu em 2008, quando o STF fez a sua primeira e grande investida na seara legislativa. Daquela vez, o STF buscou reescrever a Lei de Biossegurança, que tinha sido aprovada pelo Congresso, em 2005.

O STF então tentou escrever a própria lei. Ministros entraram nos mínimos detalhes para dizer como as células-tronco deveriam ser obtidas a partir de embriões e como deveriam ser feitos os procedimentos de fertilização in vitro. Criou-se um órgão federal para monitorar e autorizar as pesquisas. O ministro Menezes Direito chegou até a inventar, da própria cabeça, um crime. O delito seria o “da autorização da utilização de embriões em desacordo com o que estabelece esta decisão”.

As decisões caíram no vazio. Isso porque, quase ao mesmo tempo, um cientista japonês conseguiu obter células-tronco sem usar embriões, a partir de células da pele. Com a técnica, elas voltam ao estado embrionário e podem novamente se diferenciar, assumindo a função de outro tecido do corpo humano. “Não conheço mais ninguém que esteja fazendo pesquisas com células-tronco a partir de embriões” diz a bióloga e geneticista Mayana Zatz, que participou bastante da discussão à época. “A decisão acabou sendo uma vitória importante da Ciência, mas que acabou ficando ultrapassada com o avanço da tecnologia.”

Os votos dos ministros, assim, não acompanharam o avanço tecnológico. Na decisão sobre a maconha, ministros têm falado em até 25 gramas, 60 gramas ou seis plantas fêmeas. Porém, eles não consideraram que há diferentes maneiras de usar a droga, que pode ter capacidades muito diferentes. Um skank, por exemplo, pode ter um potencial três vezes maior que o de um cigarro de maconha. Há ainda os vaps e os cigarros eletrônicos, mais danosos que o cigarro de maconha.

Ao legislar sem ter poder ou conhecimento para isso, o STF pode mais uma vez ter sua decisão sendo ignorada, com a multiplicação de drogas que conseguem ser muito mais potentes que a maconha, mesmo em pequenas quantidades.

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  1. Quando não vale o que está escrito, mas interpretações esdrúxulas, não há juízes, mas oráculos. A CF88 não mais existe. O que há é uma versão by STF. O 'Guardião da Constituição' a sequestrou ... e a viola com frequência.

  2. Lula, por favor, pare de viajar tanto. O pior é q vc viaja na maionese, gasta tempo e dinheiro preciosos em inutilidades como os Brics, Unasul, Nicolás Maduro, Putin, etc...P/ favor, leia o excelente artigo do cientista político e administrador público formado em Harvard/EUA, Luiz Felipe D'Ávila, publicado no Estadão de 30/8/2023 "Um debate de vida ou morte para a Nação" pag. A5. Ele estudou e tem experiência técnica, sabe o que fala, então p/ fazer um ótimo governo, comece seguindo o q ele diz.

  3. O STF deveria cuidar de fatos terríveis que os petistas estão provocando: a deterioração da nossa Democracia através de gastanças desenfreadas e absurdas em todos os órgãos do governo. Deveriam enquadrar Lula para cortar profundamente os gastos da torradeira de dinheiro que é o desgoverno federal. Lula deveria fazer justo o contrário mas, semianalfabeto, sem formação, sem competência para presidir o Brasil, só dá palpites e afirma bobagens em suas arengas proferidas em viagens que não acabam + !

  4. Esse (a incompetência técnica) é apenas um dos aspectos pelos quais esses senhores não deveriam jamais ser a última palavra em qualquer coisa. Some-se a isso a falta de representatividade e o sabido rabo-preso, partidarismo e mesmo subserviência cega a incumbentes atuais, passados e descondenados. Eu tenho vergonha de viver em país em que o poder foi delargado a essa corja de corruptos, populistas e incompetentes.

    1. Meu apoio incondicional ao seu comentário 👏👏👏

  5. O legislativo não se dá ao respeito por simples, mais de 150 parlamentares tem processos nas cortes de justiça e assim tem moral zero para enquadrá-los como pode e deveria ... o legislativo vede-se sistematicamente ao executivo através de imorais emendas parlamentares a nova e legal forma de expropriação (sendo soft) do dinheiro do povo que vê a proliferação de "obras" inúteis e dizem hiperfaturadas por este Brazilzão de Zeus ... o que a imprensa sabe Zeus porque não dizem os Manés sob risco.

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