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Por que carcereiros ganham mais que médicos em Cuba

24.01.21 12:17

O Ministério do Interior de Cuba, responsável pela segurança interna da ilha comunista, abriu um concurso em Havana para carcereiros — chamados no edital de “educadores penais”. Um anúncio publicado no dia 15 de janeiro no jornal oficial Sierra Maestra  oferece um curso de cinco meses e meio para os candidatos aprovados. Nesse período, os alunos — todos homens — ganharão um salário de 4 mil pesos cubanos. Ao final das aulas, eles já poderão trabalhar ganhando 6.690 pesos cubanos por mês. Os funcionários das prisões cubanas ainda terão direito a “condições adequadas de habitação” e poderão passar as férias com a família em vilas recreativas do Ministério do Interior.

O anúncio causou indignação em Cuba e fora da ilha porque o salário de um médico recém-formado é de 4.610 pesos cubanos. Após concluir uma especialização, o valor sobe para 5.810 — ainda abaixo do que ganha um carcereiro.

É uma questão de prioridades. “Essa disparidade acontece porque os guardas prisionais são funcionários do Ministério do Interior. Tanto eles como os empregados do Ministério das Forças Armadas ganham mais do que outros profissionais em Cuba”, diz o dissidente Henry Constantin, que produz o jornal La Hora de Cuba. O país abriga 123 mil detentos — a proporção é de 1.071 presos para cada 100 mil habitantes. No Brasil, por exemplo, são 334 presos para 100 mil habitantes.

Atualmente, o salário dos médicos cubanos equivale a 110 dólares, ou 600 reais. “O problema é que os preços de todos os bens de higiene pessoal, o óleo de cozinha, o queijo, os eletrodomésticos, as roupas e os sapatos são iguais ou maiores do que os encontrados nos Estados Unidos”, diz Constantin.

Com a unificação das duas moedas em Cuba no início do ano, o país tem registrado elevada inflação. Tarifas de serviços subsidiados, como eletricidade, transporte e água, e preços de alimentos estão até doze vezes mais caras. Uma conta de telefonia celular sai, em média, por mil pesos cubanos. A conta de eletricidade pode sair mais cara do que isso, dependendo do número de aparelhos em uma casa.

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