Para o governo, Gremlins não são tão inocentes assim

Quase 40 anos após a estreia nos cinemas do mundo todo, o filme “Gremlins” teve sua indicação revista pelo Ministério da Justiça brasileiro. Um despacho assinado nesta segunda-feira, 11, alterou a classificação indicativa da comédia de terror, de “Livre” para “Não recomendado a menores de 12 anos”.

O despacho indica que, após denúncia anônima, a Coordenação de Política de Classificação Indicativa considerou que há, no filme dos fofinhos monstros que não podem ser alimentados após a meia-noite, “violência, medo e drogas lícitas”.

Além de classificar obras audiovisuais inéditas, o papel do órgão ligado à pasta de Flávio Dino é de rever, a partir de queixas da sociedade, obras já classificadas anteriormente. Como a Crusoé já mostrou em junho, isso coloca a equipe de mais ou menos 26 pessoas em situações curiosas.

Em 2022, o desenho Branca de Neve e os Sete Anões passou por revisão (a película, de 1937, não teve sua classificação alterada). E em 2021, a Coordenação finalmente classificou Titanic como uma produção não recomendada a menores de 12 anos, 21 anos depois de uma reclamação ter sido aberta. Dirty Dancing, o filme que notabilizou a expressão “ritmo quente”, passou de “não recomendado para menores de 10 anos” para a faixa seguinte, dos 12 anos.

Mais que isso, a revisão aponta duas maneiras distintas na nossa sociedade. De um lado, há quem aplauda toda restrição e toda censura, acreditando que os seres humanos devem crescer com o mínimo de incômodos possíveis. Querem que seus filhos cresçam o mais protegidos possível de um mundo que consideram desajustado. De outro, há o grupo dos que acham que tais conflitos são importantes para que as pessoas desenvolvam habilidades e mecanismos para lidar com suas próprias frustrações e com os inconvenientes que derivam do relacionamento com os outros.

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