Adriano Machado/CrusoéEnquanto frente for só de esquerda, Bolsonaro vai nadar de braçada

‘Ontem foi o último dia, acabou’, diz Bolsonaro sobre ações autorizadas pelo STF

28.05.20 10:34

O presidente Jair Bolsonaro fez um pronunciamento nesta quinta-feira, 28, com duros ataques aos ministros Alexandre de Moraes e Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal. Sem citá-los, o chefe do Planalto questionou a legalidade de ações determinadas pelos dois integrantes da corte e classificou a operação contra blogueiros e empresários bolsonaristas como uma forma de atacá-lo. “Querem tirar a mídia que eu tenho a meu favor, sob argumento mentiroso de fake news. Não teremos outro dia igual ontem, chega”, afirmou.

“Essa historinha de criminalizar crime de ódio é artificio para censurar a mídia social. A mídia social me trouxe à Presidência, sem ela eu não estaria aqui. Ninguém mais do que eu tem demonstrado compromisso com a democracia e a liberdade. Mas as coisas têm um limite, ontem foi o último dia”, afirmou o presidente.

Bolsonaro disse que passou a quarta-feira dedicado ao debate sobre a operação. “Trabalhamos ontem o dia todo voltado a uma causa, com dor no coração, ouvindo aqueles que tiveram sua propriedade violada, cidadãos, chefes de família, homens e mulheres foram surpreendidos com a Polícia Federal, que estava cumprindo ordens. Nunca tive intenção de controlar a PF, pelo menos serviu para mostrar isso”, acrescentou o chefe do Planalto. “Mas ordens absurdas não se cumprem e temos que colocar limites nessas questões”.

No pronunciamento, Bolsonaro se recusou a responder perguntas da imprensa e foi grosseiro com jornalistas. “Quem não quiser ouvir vá embora”, disse. O presidente afirmou ainda que a expressão gabinete do ódio, usada para apelidar o grupo de assessores que comanda a militância digital do Planalto, foi inventada. “Os idiotas criaram o (termo) gabinete do ódio, os imbecis publicaram matérias sobre isso, agora lamento”. Bolsonaro disse que o Supremo estaria fazendo “um julgamento em cima disso”.

Muito exaltado, o presidente afirmou que não admitirá mais ações como a da véspera. “Acabou, porra. Me desculpem o desabafo, mas acabou, não dá para admitir atitude de pessoas tomando certas ações quase pessoais. Não vamos permitir que uma pessoa tome decisões em nome de todos”, afirmou o presidente. “Respeito o Supremo, respeito o Congresso, mas tem que respeitar o Executivo também. Humildade, lealdade ao povo, patriotismo, compromisso com o Brasil, é o mínimo que se espera”.

Sem citar Celso de Mello, Bolsonaro voltou a insinuar que o ministro teria desrespeitado a Lei de Abuso de Autoridade, ao autorizar a divulgação do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril. “Peço pelo amor de Deus, que não prossiga com esse tipo de inquérito, a não ser que seja pela Lei de Abuso de Autoridade”, argumentou o chefe do Planalto. Ele citou ainda que a legislação traz previsão de detenção de um a quatro anos de detenção. “O criminoso não é Abraham Weintraub, não é o (Ricardo) Salles, não é nenhum de nós. A responsabilidade de tornar público aquilo é de quem suspendeu sigilo”.

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