Foto: Evo Morales via XEvo nunca deixou o centro do debate eleitoral. Ainda sim, de alguma maneira, ele está de volta

Evo Morales mostra quem manda na Bolívia

05.10.23 12:18

O Movimiento al Socialismo (MAS), o partido de esquerda de Evo Morales (foto), expulsou nesta quarta-feira (4) o atual presidente do país, Luís Arce, dos quadros da legenda. Com isso, o caminho está aberto para que Morales, impedido por um golpe de Estado de concorrer a um quarto mandado seguido em 2019, novamente monopolize a Bolívia em torno de sua imagem.

Ao subir ao palco do congresso do MAS, realizado esta semana, Morales mostrou que a relação entre ele e o presidente (seu ex-ministro da Fazenda e seu escolhido à presidência) está definitivamente acabada.

“Lamentavelmente o governo de Lucho [Arce] e Davi [Choquehuanca, o seu vice-presidente] é pior que o governo de fato, pior que os governos neoliberais”, disse, referindo-se à junta que o depôs em 2019, comandado por Jeanine Áñez. Ele ainda acusou Arce de tentar sabotar o encontro, realizado na cidade de Lauca Eñe.

Um dos aliados mais próximos de Lula na região, Morales conduziu o congresso do MAS que culminou não apenas na saída de Lucho Arce da legenda, mas o seu próprio retorno ao comando do partido, assim como o único candidato do partido para as eleições presidenciais de 2025. Legenda mais expressiva do país, o MAS conta com forte apoio da população indígena, etnia mais predominante entre os quase 11 milhões de bolivianos.

“O argumento para a saída do presidente Lucho Arce é que pessoas e instituições que não participaram presencialmente do Congresso se autoexpulsaram”, explica o cientista político Santiago Terceros. “É um termo muito peculiar, mas se decidiu que quem não participou do congresso do partido se autoexcluiu — e Arce obviamente não participou.”

Agora chutado do partido, o presidente tem seu futuro político indefinido. Enquanto cerca de 1.500 delegados do MAS não compareceram e podem não reconhecer as decisões tomadas por Morales, há a possibilidade de que Arce integre uma nova frente política, competindo de frente com seu mentor nas próximas presidenciais. O congresso do MAS precisa ser julgado pela corte eleitoral do partido, explica Terceros. Impugnações devem pipocar e dificultar o processo.

É um novo ato na história política de Morales: vencedor de três eleições seguidas, em 2019 ele ensaiou um autogolpe e conseguiu mudar a Constituição para se candidatar novamente— no entanto, um golpe de Estado o retirou do poder e do país, sob a presidência da deputada de direita Jeanine Áñez. Em 2020, ainda exilado e sem poder concorrer, Morales endossou a candidatura do seu ex-ministro Lucho Arce, que venceu sem grandes dificuldades.

A relação entre ambos nem sempre foi azeitada: Morales criticou membros do gabinete de Lucho, e mesmo seu ex-vice serviu para alimentar a cisma dentro do partido. Mas, a dois anos da eleição, só há espaço para um nome no partido — e Morales não dará nenhum dele a seu ex-pupilo.

 

Os comentários não representam a opinião do site. A responsabilidade é do autor da mensagem. Em respeito a todos os leitores, não são publicados comentários que contenham palavras ou conteúdos ofensivos.

500
  1. É asqueroso esse marginal vocacionado e escolado! Os cidadãos bolivianos precisam removê-lo urgente e definitivamente da vida pública e do seu país, antes que se reinstale a sua repulsiva ditadura, abrindo mais uma dolorosa e humilhante chaga na já tão vilipendiada América Latina, cujas "veias abertas" jamais se fecham, como se isso fosse uma condenação ad eternum!!!

Mais notícias
Assine agora
TOPO