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Em artigo, Teich cita exemplo da Coreia do Sul e defende ‘isolamento estratégico’

16.04.20 18:16

O novo ministro da Saúde, Nelson Teich, já afirmou em um artigo publicado na internet que a condução da crise do coronavírus no Brasil até o momento foi “perfeita” e defendeu a adoção de um isolamento “estratégico”, utilizando testes em massa e monitoramento da população por celular.

“Felizmente, apesar de todos os problemas, a condução até o momento foi perfeita. Pacientes e sociedade foram priorizados e medidas voltadas para o controle da doença foram tomadas. Essa escolha levou a riscos econômicos e sociais, que foram tratados com medidas desenhadas para resolver possíveis desdobramentos negativos das ações na saúde”, avaliou Teich em artigo publicado em 2 de abril no Linkedin.

No texto, ele elenca onze pontos que considera essenciais para combater a pandemia e não cita em nenhum momento a cloroquina, medicamento que vem sendo defendido publicamente pelo presidente Jair Bolsonaro. Dentre as medidas citadas por Teich estão a “redução de entrada simultânea de novos pacientes no sistema de Saúde”

No artigo, há ainda um tópico específico para tratar do isolamento social. “Com a possibilidade do sistema de saúde não ser capaz de absorver a demanda crescente de pacientes, a opção pelo isolamento horizontal, onde toda a população que não executa atividades essenciais precisa seguir medidas de distanciamento social, é a melhor estratégia no momento”, afirma Teich. Para ele a proposta de isolamento vertical, que prevê deixar em casa apenas pessoas do grupo de risco, tem fragilidades.

“Sendo real a informação que a maioria das transmissões acontecem à partir de pessoas sem sintomas, se deixarmos as pessoas com maior risco de morte pela Covid-19 em casa e liberarmos aqueles com menor risco para o trabalho, com o passar do tempo teríamos pessoas assintomáticas transmitindo a doença para as famílias, para as pessoas de alto risco que foram isoladas e ficaram em casa”, segue o novo ministro que defende um isolamento “estratégico”. O distanciamento vertical também é uma linha defendida por Bolsonaro.

O isolamento “estratégico”, segundo o novo ministro, seguiria o que foi feito na Coreia do Sul, país que é tido como exemplo no combate à pandemia por ter realizado testes em massa na população ao mesmo tempo em que fechou escolas e outras atividades. “Essa estratégia demanda um conhecimento maior da extensão da doença na população e uma capacidade de rastrear pessoas infectadas e seus contatos. Estamos falando aqui do uso de testes em massa para Covid-19 e de estratégias de rastreamento e monitorização, algo que poderia ser rapidamente feito com o auxilio das operadoras de telefonia celular”, destacou, sem dar mais detalhes da estratégia idealizada por ele.

Teich também elenca como uma medida necessária a implementação de uma “estratégia de coordenar a retomada das atividades normais do dia a dia e da economia”, sem deixar claro quando isso deveria ser feito.

No fim do texto, ele defende uma gestão centralizada e estruturada para combater a pandemia, incluindo os sistemas particular e de saúde pública nas três esferas de governo, e considera fundamental um alinhamento entre os poderes Executivo Legislativo e Judiciário. “Gerir e fazer acontecer em períodos de crise é um desafio enorme”.

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