BBB é programa família

O mundo, apesar de ser plano, ficou chocado como um ovo redondo quando um grupo de narcotraficantes invadiu o BBB do Equador e resolveu mandar o governo do país pro paredão. Felizmente, aqui no Brasil os “narcos” nunca iam ter a coragem de atrapalhar a nova temporada do programa que já está na edição número 576. Sempre comandado pelo Big Boninho Brasil, que não foi eleito pelo povo, para mais um mandato. Eu confesso que, apesar de ser um intelectual reacionário de esquerda, também gostaria de participar do BBB. Ora, quem não ia querer ficar o dia inteiro vendo mulheres gostosas de biquíni fazendo dancinhas na piscina, sem ter que pagar nenhum boleto por três meses?

Ano passado, no dia 8 de janeiro, uma torcida desorganizada invadiu as Casas Menos Vigiadas do Brasil provocando uma quebradeira tentando “melar” o resultado do Big Brother Brasília que, ao contrário do BBB da Globo, só rola de quatro em quatro anos. Como os militares não faziam nada para controlar a baderna, o governo teve que convocar o Tadeus Schmidt em pessoa para colocar ordem no local

Depois do ocorrido, as autoridades pensaram em mudar a sede dos Três Poderes da República para o Projac onde a segurança é reforçada. O problema é que o Projac fica em Curicica, Jacarepaguá, área controlada pela Milícia.

O prestígio do Big Brother é tão grande que o presidente Luísque Inácio Lula da Silva, o Janja, completado um ano da grande confusão, resolveu fazer uma cerimônia para comemorar o 8 de janeiro na estreia do reality. Na frente de milhões de telespectadores e internautas, Lula mostrou que no Brasil a Democracia e as Instituições continuam fortes e funcionando normalmente: o Executivo, o Legislativo, o Judiciário e o Big Brother. O presidente aproveitou a cerimônia para anunciar o ex-Supremo, Recado Lewandowhisky, como o novo ministro da Justiça. Ora, todo mundo já sabia que o magistrado de puro malte escocês, envelhecido em barris de carvalho, sempre foi o preferido do Lula.

Mas, voltando ao que realmente interessa nesse país, o BBB. Nesta edição da Casa Mais Vigiada do Brasil, houve muita discussão e negociações para ver quem seriam os participantes do reality. Os partidos políticos e o Centrão queriam colocar os seus apaniguados na casa para disputar o cobiçado prêmio que, aliás, é uma merreca comparado ao fundo partidário eleitoral. Mas sabe como é político, não importa o tamanho da verba mas sim o prazer que ela proporciona. De olho nos participantes a minha favorita é a Yasmin Brunet, filha exclusiva da Luisa Brunet, o que mostra que o Big Brother é um programa de família, por falar nisso deveriam também ter convidado a Sasha, filha da Xuxa, o Thammy, o filho da Gretchen e o Sérgio Mallandro (pela idade mental) para dar um caráter geracional ao espetáculo.

Mas voltando ao Lewandowhisky que é o que realmente não interessa neste país, o novo ministro justiceiro aproveitou os holofotes para anunciar novas medidas contra o crime organizado que, como todos sabem, é a única coisa que funciona no Brasil. A primeira delas foi censurar as dancinhas ridículas que traficantes e milicianos postam no TikTok. Ele também cancelou o passaporte do Monark e pediu ao governo estadunidenses norte americano que extradite o jovem podcasteiro para o Brasil onde será julgado por um tribunal cubano convocado pelo PT.

De regularização em regularização, em breve o governo petista vai acabar me cancelando e acabando com a minha modesta coluna aqui no Antagonista. Mas eu, Agamenon Mendes Pedreira, que sobrevivi a várias ditaduras, não vou tolerar nenhum atentado contra a minha liberdade de expressão. Em nome do meu direito sagrado de expor minhas ideias de jerico, sou capaz de pegar em armas. De preferência o canhão da Isaura, a minha patroa.

Agamenon Mendes Pedreira é democrata inabalado.