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Renúncia do primeiro-ministro não resolve o caos no Haiti

12.03.24 16:04

O primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry (foto), renunciou nesta segunda, 11. O país agora será governado por um conselho de transição, com integrantes da sociedade civil, até que novas eleições sejam realizadas.

A saída de Henry e a instalação de um governo provisório eram demandas dos Estados Unidos. Os americanos entendiam que o primeiro-ministro era impopular e incapaz de dar estabilidade ao país. Henry assumiu o governo após o assassinato do presidente Jovenel Moise. Contudo, como não tinha o respaldo das urnas, cabia a Henry realizar eleições em 2023, o que ele não fez alegando insegurança. Sem legitimidade para se manter no cargo, os haitianos passaram a pedir sua cabeça.

Mas a solução política, que apeteceu os americanos, não será suficiente para colocar o país na rota.

Isso porque uma das pessoas que mais pressionaram pela saída de Henry foi Jimmy Cherizier, um líder de gang conhecido pelo apelido de Barbecue (Churrasco).

Cherizier insiste que a alcunha se deve ao fato de que sua mãe vendia frango frito. Mas a fama é que ele queimava pessoas vivas.

Caso Henry não deixasse o posto, Cherizier tinha prometido iniciar uma guerra civil e um genocídio no país. Quando foi perguntado sobre quem ele mataria, Cherizier respondeu que não seriam pessoas de sua classe social. “Eu nunca massacraria pessoas da mesma classe social que eu. Eu vivo no gueto. Eu sei o que é o gueto“, disse.

Em 2018, um massacre comandado por ele matou 71 pessoas na favela de La Saline, em Porto Príncipe. Quatrocentas casas foram queimadas e pelo menos sete mulheres foram violentadas.

Cherizier tem se propagandeado como um revolucionário e prometeu que seu intuito é “destruir o sistema“.

Mas ninguém sabe ao certo o que seria isso.

Barbecue” conseguiu reunir as várias gangues que controlam 80% do território do Haiti. Ele comandou o incêndio a delegacias e o certo ao aeroporto.

Seu controle do território é tão grande que o Ariel Henry ficou com medo de ficar no país. O ex-primeiro-ministro passou vários dias viajando para países do Caribe e da África.

No Quênia, Henry tentou antecipar negociações para o deslocamento de uma missão de paz, que foi aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU.

Mas, até agora, nenhum soldado queniano botou os pés no Haiti.

Quando isso ocorrer, é provável que ocorram embates entre os militares da ONU e as gangues haitianas.

Seja quem for que estiver no poder nesse momento, terá um desafio grande pela frente.

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  1. O Haiti é aqui nas periferias desprotegidas pelos pôdres poderes .. o pior poderes ungidos pelos próprios manés contra si mesmos.

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