Adriano Machado/Crusoé

Para MP, dados bancários mostram compra subfaturada de imóveis por Flávio

19.12.19 21:13

Registros do banco onde o vendedor de dois imóveis adquiridos pelo senador Flávio Bolsonaro (foto) depositou os valores recebidos são considerados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro como indícios de que o filho do presidente Jair Bolsonaro pode ter pago 600 mil reais a mais do que foi declarado. Para os investigadores, o valor extra pode ter saído do esquema de rachid na Assembleia Legislativa do Rio.

Em vídeo divulgado nesta quinta-feira, 19, o primogênito do presidente Jair Bolsonaro negou irregularidades da aquisição dos apartamentos no Rio. “Comprei de um grupo de americanos que estava saindo do Brasil. Negociei um preço melhor porque comprei os dois do mesmo vendedor. Impostos recolhidos sem problema nenhum”, disse.

Flávio declara ter pago 310 mil reais pelos imóveis. No dia 6 de novembro de 2012, foi entregue a primeira parcela, no valor de 100 mil reais. Semanas depois, no dia 27, outros 210 mil teriam sido repassados à Glenn Howard Dillard. É nesse segundo dia de pagamentos que o MP foca sua argumentação, com base em dados fornecidos pelo banco onde o vendedor depositou os valores.

A primeira “fita de caixa”, onde ficam registrados os detalhes das transações, mostra que “ao chegar à agência” o vendedor “não conseguiu depositar a integralidade do dinheiro em espécie, que extrapolava os limites do operador de caixa e necessitaria de autorização da gerência do banco, razão pela qual inicialmente foram depositados os dois cheques no valor total de 210 mil reais e a quantia de 38,4 mil reais em espécie.”

Entretanto, na segunda “fita de caixa”, os promotores descobriram que Dillard também depositou na mesma data, em sua conta, 600 mil reais em dinheiro vivo. Em busca de explicações, o MP foi atrás de informações sobre o vendedor e descobriu que ele não negociou nenhum outro imóvel na mesma época, ou teve outra fonte de renda para justificar o depósito dos valores.

“Todas essas circunstâncias, somadas à curta distância percorrida entre o cartório e a agência bancária, deixam claro que os valores ilícitos foram entregues pelo casal Bolsonaro a Glenn Dillard com os cheques no encontro para a assinatura das escrituras e compra e venda dos imóveis”, diz o MP.

O Ministério Público chegou a ouvir a advogada do dono dos imóveis, o americano Charles Eldering. Ela teria dito que seu cliente foi ludibriado por Dillard. A lista de imóveis de Eldering vendidos por Dillard mostra que o único vendido abaixo do preço foi o adquirido por Flávio. Todos os outros foram comercializados com lucros entre 125% e 200%.

“Ou seja, apesar de ter sido contratado pelos norte-americanos Charles Eldering e Paul Maitino para investir recursos no mercado imobiliário visando o lucro, o procurador Glenn Dillard revendeu os imóveis para Flávio e Fernanda Bolsonaro com inexplicável deságio de cerca de 30% nas duas transações, gerando contraditório prejuízo aos investidores”, diz o MP.

Após comprar os imóveis, segundo o MP, abaixo do preço, Flávio teve lucro na revenda. O primeiro, comprado por 140 mil reais, foi vendido em 2014 por 550 mil reais. O segundo, adquirido por 170 mil reais, foi repassado em 22 de novembro de 2013 por 573 mil reais.

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  1. Então o crime do cara foi lançar valor mais baixo, provavelmente a pedido do vendedor para o cara pagar menos impostos. É um criminoso.

  2. Tudo deve ser investigado, quem quer que seja só é estranha esta celeridade do MP do Rio em relação a este caso. Cabral não parece ter tido muitos problemas com o MP quando era governador....

    1. corrupção é uma coisa, Rachid é outra completamente diferente. Ambas são crimes, porém com agravantes diferentes... basta observar o valores envolvidos.... 2 milhões para o 01, bilhões para a esquerdalha...

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