Adriano Machado/Crusoé

Pacotes de TV, internet e aluguéis: parlamentares gastaram R$ 13,6 milhões com escritórios em plena pandemia

29.07.20 08:11

Gabinetes bem equipados no Congresso Nacional não são as únicas estruturas à disposição de deputados federais e senadores. Eles têm direito, ainda, a escritórios de apoio à atividade parlamentar, geralmente instalados nos estados pelos quais foram eleitos.

Para mantê-los, os congressistas usam o dinheiro do chamado “cotão”, verba indenizatória destinada ao custeio de atividades do mandato. A grana pode ser aplicada em locação de espaços e móveis, condomínio, materiais de expediente e afins.

Ao longo dos seis primeiros meses do ano, ou seja, em plena pandemia, período em que, em tese, a maioria trabalhou remotamente e de casa, os congressistas pediram 13,6 milhões de reais em reembolso para a manutenção desses escritórios distribuídos pelo país, conforme levantamento realizado por Crusoé. O valor cresceu em relação ao ano passado, quando, no mesmo período, os dispêndios ficaram em 12,3 milhões de reais.

O campeão de gastos na Câmara é Túlio Gadêlha, do PDT, que deve concorrer à Prefeitura de Recife. O deputado torrou 89,9 mil reais com o escritório. O aluguel do imóvel, localizado na Rua Alfredo Fernandes, custou a maior fatia da despesa.

O montante ainda foi utilizado na locação de computadores, materiais de audiovisual, aparelhos de ar-condicionado e cadeiras, em licenças de softwares e no pagamento de contas de água, luz e IPTU.

No Senado, Roberto Rocha, do PSDB, lidera o ranking dos parlamentares que mais usaram dinheiro público em escritórios parlamentares. O tucano pediu reembolso de 84,1 mil reais no primeiro semestre de 2020. Do total, 36 mil reais destinaram-se ao aluguel de um imóvel em São Luís, no Maranhão.

Outros 35,1 mil reais foram empregados na vigilância do local. O pacote de internet custou 2,6 mil reais — as notas fiscais, contudo, não estão disponíveis no sistema do Senado e, por isso, não há detalhes sobre o planoAlém disso, Roberto direcionou 250 reais mensais ao monitoramento eletrônico do imóvel e para honrar despesas com luz e água.

Em alguns gabinetes, os gastos ainda envolvem itens de entretenimento. Valendo-se do Ato da Mesa Diretora da Câmara — o responsável por disciplinar o “cotão” — que permite a cobertura de despesas com TV a cabo e similares, o deputado Toninho Wandscheer, do PROS, pediu a restituição de 4,4 mil reais pelo pagamento mensal de um pacote da Claro que inclui canais, internet, serviços móveis e telefone.

Neste combo, ele contratou, por exemplo, o plano para TV “Seleção Mais HD Fidelidade” e, em separado, “Esportes Eletrônicos” e o “Premiere Futebol”. Os serviços apenas de TV a cabo saem na média de 296 reais ao mês.

Ao todo, o parlamentar reembolsou 34,5 mil, valor que ainda contempla gastos com vagas de estacionamento, locação de notebooks, energia elétrica e cafeteiras.

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  1. O namoradinho da ex do Bonner foi o que mais gastou..que vergonha, acho que foi para visitas ou manterem-se conectados dia e noite.

  2. Esses são os representantes do povo..sugadores do dinheiro público, da sociedade, e se fossemos um país sério esses energúmenos deveriam ser cassados e nunca mais poderem candidatar-se a cargo político.

  3. Solicito à redação que faça uma comparação entre partidos, nesta matéria de gastos do cotão, destacando alguns casos exemplares, para que saibamos em quem votar ou em quem dar um pé na bunda em 2020 e em 2022. E parabéns pela nota.

  4. Cidadãos de países de Primeiro Mundo matam essas aberrações no ninho, pois sabem que o dinheiro que vai custear vagabundos sai do bolso deles, e em caso de mau uso vai faltar no custeio de Educação, Segurança, Saúde, etc., já que o dinheiro dos impostos servem para distribuir esses serviços de forma igualitária para todos. No Bananão lemos essas matérias e pensamos: paciência, é imoral mas não ilegal. Isso vai mudar? Não, pois a grande maioria gostaria mesmo é de estar no lugar deles.

    1. Sr. Egídio triste constatação e isso em plena pandemia. Àqueles que possuem um pouco de vergonha na cara, e por óbvio não compactuam e nem tão pouco gostariam de estar no lugar dessa corja, estão ficando depressivos.

  5. Duvido que os deputados do Partido Novo fariam isso. Além disso eles não usam fundo partidário e fundo eleitoral. Quer acabar com essa excrescência? Em 2020 vote nos candidatos do NOVO.

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