Marcos Oliveira/Agência Senado

Plantonistas afirmaram a pacientes que precisavam entregar ‘Kit Covid’ para não serem demitidos, diz advogada

28.09.21 11:49

Advogada dos 12 médicos responsáveis por um dossiê com denúncias sobre a Prevent Senior, Bruna Morato reiterou nesta terça-feira, 28, que os profissionais não tiveram autonomia para conduzir o tratamento de pacientes infectados pelo coronavírus.

Morato contou que plantonistas relataram que foram obrigados a prescrever o chamado “Kit Covid“, integrado por remédios sem eficácia contra a doença, para evitar as próprias demissões. Segundo a advogada, os médicos recebiam os kits com oito medicamentos, em pacotes lacrados, com instruções de uso, para entregá-los aos pacientes.

Não existia autonomia com relação até à retirada de itens desse kit“, pontuou. “Os plantonistas pegavam o kit, o entregavam ao paciente e diziam: ‘Olha, eu preciso te dar, porque, se eu não entregar esse kit, posso ser demitido. Mas te oriento: se você for tomar alguma coisa daqui, tome só as proteínas ou vitaminas, porque os outros medicamentos, além de não terem eficácia, são muito perigosos'”

A advogada acrescentou que, em muitas situações, os profissionais nem sequer tinham autorização para realizar alguns exames a fim de checar as condições de saúde dos pacientes. “Na segunda onda, não existia autorização para realizar determinados exames. Então, por exemplo, se prescrevia hidroxicloroquina sem o eletrocardiograma. Você não tinha como avaliar a questão do intervalo que ia ter entre as doses do medicamento“, prosseguiu.

O dossiê entregue à CPI cita uma série de irregularidades cometidas pela Prevent Senior durante a pandemia de Covid-19 – entre as quais, a falta de equipamentos de proteção individual para os profissionais, a ocultação de óbitos pela doença e a prescrição de remédios sem eficácia.

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  1. Com a palavra os médicos! Chegou a hora de botar a boca no trombone e, através da imprensa e dos órgãos competentes, denunciar burocratas da saúde que só visam o lucro! Administradores de hospitais e clínicas, administradoras de planos de saúde - estamos nas mãos desses órgãos porque somos obrigados a contrata-los por falta de uma rede pública eficiente e bem estruturada. Total dependência da iniciativa privada por falta de opção!

  2. As grandes redes de hospitais são intocáveis. Tem tecnologia de ponta e até luxo, mais a autonomia dos funcionários ( não só dos médicos) foi retirada à título de “ implementação de protocolos “ . Autonomia na área de saúde é um sonho que ficou no passado. A Prevent sênior, claro, nem sequer disfarçou e vai ser enquadrada.

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