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Luis Lacalle Pou é o uruguaio das verdades inconvenientes

02.02.24 15:00

O presidente uruguaio Luis Lacalle Pou tem sido o presidente que mais claramente tem dito as verdades sobre a política latino-americana.

Enquanto o argentino Javier Milei gosta de rotular os governantes de esquerda de comunista ou de fazer ameaças que não concretiza, Lacalle Pou é aquele que sabe botar o dedo na ferida.

Em uma coletiva de imprensa nesta sexta, 2, o uruguaio falou sobre a inabilitação da candidata venezuelana María Corina Machado.

Nós já dissemos mais de uma vez o que pensamos sobre o governo da Venezuela. Não fazemos isso para gerar ódio. Falamos isso quando estávamos na oposição, quando assumimos e depois dissemos ao próprio Nicolás Maduro, em uma reunião que tivemos com ele. Nós não buscamos ter um ou outro ponto de vista, dependendo se gostamos ou não de um determinado governo. E a inabilitação de María Corina Machado, que é a principal líder opositora, claramente mostra que não há nenhuma vontade de fazer uma eleição transparente ou que todos possam competir. Não sei como se chama isso, de acordo com o viés partidário. Mas claramente não estamos diante de eleições livres e democráticas na Venezuela”, disse o presidente.

Em janeiro de 2023, Lacalle Pou estragou a festa da esquerda autoritária ao discursar na cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). Ele afirmou que esses encontros regionais não passavam de “clubes de amigos ideológicos“. A declaração quebrou o clima solidário às ditaduras da região, como Venezuela e Cuba.

Fala-se de respeito à democracia, às instituições e aos direitos humanos no documento conjunto assinado pelos membros deste bloco. Mas há países aqui que não respeitam a democracia, as instituições e os direitos humanos”, disse o uruguaio. “Devemos dar pequenos passos, mas em uma mesma direção. E não fazer grandes discursos, que nos congelam sob os conceitos de solidariedade e outros muito bonitos, mas que às vezes não podem ser colocados em prática.”

Depois, em uma reunião do Mercosul, em julho, Lacalle Pou afirmou: “Está claro que a Venezuela não vai sair para uma democracia saudável. Quando há um indício de possibilidade de uma eleição, uma candidata como María Corina Machado, que tem um enorme potencial, é desqualificada por motivos políticos, e não jurídicos”.

Lacalle Pou tem autoridade para falar em nome da democracia e enfrentar regimes ditatoriais. Seu partido, o Nacional, é de centro-direita e existe há 187 anos. Seu pai, Luis Alberto Lacalle, foi presidente por esse mesmo grupo, nos anos 1990. A coalizão que levou o atual presidente ao poder, em 2020, conta com três partidos. Um é o Colorado, rival histórico do Nacional, que agora virou parceiro. O outro é o Cabildo Aberto, que é de ultradireita e tem um viés militar. Porém, com apenas dois ministérios, de saúde pública e habitação, a atuação desses radicais tem sido contida.

Quando Bolsonaro ainda era presidente, o uruguaio preferiu manter uma distância segura e nunca embarcou na retórica belicosa e conservadora do brasileiro. Na posse de Lula, Lacalle Pou fez um gesto em defesa das instituições democráticas para marcar diferença com Bolsonaro. Ele trouxe ao Brasil, no mesmo jatinho, o ex-presidente socialista José Pepe Mujica e Julio María Sanguinetti, do Partido Colorado.

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  1. A esquerda latino americana com alguma excessão (Chile) , é no mínimo é ruminante !!! A esquerda europeia já está a essa altura a kilómetros de distância!!!

    1. Pois é…. Não é atoa que a o nome correto seria América LATRINA quando se trata de política e de políticos latinos americanos, com mínimas exceções… O que melhor define a esquerda latrina americana é seu nome em italiano: SINISTRA.

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