Rosinei Coutinho/SCO/STF

Fachin vota para permitir uso de acordo da Odebrecht em ações contra Lula

11.02.22 12:59

O ministro Edson Fachin (foto), do Supremo Tribunal Federal, votou nesta sexta-feira, 11, para permitir o uso de informações do acordo de leniência da Odebrecht em ações penais contra o ex-presidente Lula, caso o Ministério Público Federal assim deseje.

Fachin depositou o voto no julgamento virtual da Segunda Turma sobre um recurso apresentado pela Procuradoria-Geral da República contra a decisão monocrática de Ricardo Lewandowski que, em junho do ano passado, impediu o uso, no processo do Instituto Lula, de todos os elementos de prova obtidos a partir do acordo de colaboração premiada.

A ação mira o ex-presidente pelo suposto recebimento de propina da Odebrecht. De acordo com o MPF, o suborno ocorreu a partir da compra de um terreno de 12 milhões de reais pela empreiteira para a construção da nova sede do instituto.

O julgamento do agravo da PGR começou em outubro de 2021 e, na ocasião, Lewandowski e Gilmar Mendes votaram para manter a decisão liminar. Fachin, porém, pediu vista — ou seja, mais tempo para analisar o caso — e, assim, adiou a conclusão do debate.

Agora, na retomada do julgamento, Fachin rebateu Lewandowski quanto à existência de indícios de que as tratativas da Lava Jato com autoridades estrangeiras envolvendo dados do acordo de leniência da empreiteira ocorreram fora dos canais oficiais – o que não é permitido por lei.

Fachin apontou que, na decisão, Lewandowski não descreveu de que forma a Lava Jato agiu em desconformidade da lei. Anotou, ainda, que o ministro não detalhou quais acordos de cooperação jurídica — bilaterais ou multilaterais — ou procedimentos que não teriam sido observados.

Além disso, Fachin frisou que o entendimento de Lewandowski de que o acordo de leniência foi firmado fora dos parâmetros legais é baseado somente em mensagens do acervo da Operação Spoofing, que investigou ataques hacker a contas de Telegram do ex-juiz Sergio Moro e de procuradores da força-tarefa da Operação em Curitiba.

O ministro avaliou não existirem dúvidas da ilicitude do material e, portanto, da imprestabilidade das mensagens. “Chancelar a utilização de tais diálogos para o enfrentamento de questões processuais redundaria na negativa de vigência às normas que tutelam o sigilo das comunicações telefônicas e de dados, pois, como visto, não atestam a inocência do ora reclamante“, escreveu.

Em outra ponta, Fachin entendeu também não serem válidos os argumentos sobre a incompetência da 13ª Vara Federal de Curitiba para homologar o acordo de colaboração da Odebrecht e a parcialidade de Sergio Moro no caso.

O ministro indicou que, como o acerto trata de irregularidades praticadas na Petrobras, a Justiça Federal paranaense tinha, sim, poder para validá-lo. “É fato notório o envolvimento do grupo empresarial em fraudes praticadas em detrimento da sociedade de economia mista e que constituem o mote inicial da Operação Lava Jato“, disse. “Além disso, o ora reclamante (Lula) sequer é parte no acordo de leniência em questão, razão pela qual tal procedimento não é alcançado pela mácula da parcialidade (de Sergio Moro)“, emendou.

Fachin acrescentou que, a partir da análise da decisão de Lewandowski, “emerge a compreensão” de que os valores milionários devolvidos pela empreiteira graças ao acordo “seriam indícios da ilicitude do acerto”.

“No entanto, cumpre destacar que os referidos valores foram espontaneamente devolvidos pela sociedade empresária leniente, como corolário da assunção de culpa num dos maiores episódios – senão o maior – de corrupção descortinada na história desse país, sobre o qual ainda recai, no seio da comunidade internacional, a pecha de ineficiência no combate à criminalidade organizada e do colarinho branco“, concluiu.

O julgamento se estende até a próxima sexta-feira, 18. Ainda precisam se posicionar os ministros André Mendonça e Kassio Marques.

Os comentários não representam a opinião do site. A responsabilidade é do autor da mensagem. Em respeito a todos os leitores, não são publicados comentários que contenham palavras ou conteúdos ofensivos.

500
  1. De vez em quando, Fachin consegue acertar no posicionamento... Eu nem me animo mais, pois nenhum tem postura coerente o tempo todo. Parece até que há um sorteio entre eles pra ver quem vai tomar uma atitude correta de vez em quando... Depois, tudo volta ao normal e a Justiça que se lasque...

    1. Suzane confie não ... isto é estratégico .. lembre que o Ibis de Recife o pior time do mundo voltou e vez por outra agora ganha uma .. sacou o lance?

  2. Depois de uma K GADA HOMÉRICA, um voto pela lava jato. Vamos ver como o advogado do centrão e o terrivelmente evangélico votam. Mas o melhor seria uma decisão dos 11

  3. Esse stf todos os dias mostra a sua cara, a população ja tem uma boa ideia do que o stf se trata, na minha opinião o pior stf da historia do Brasil. Não confio e não concordo com a maioria das decisões da segunda turma, decisões que deveriam na verdade ser votados por todos os 11 membros e acabar com essas 2 turmas que ja esta mais que claro que a motivação e sempre politica e não segue a constituição. Quando vamos investigar os milhares de processos que prescrevem todos os anos no stf ??

  4. Pelo sim, pelo não, desta vez Fachin triturou com argumentos sólidos a anterior decisão do Levandosk que era uma fajutice anti-jurídica só para beneficiar, como sempre faz, a ladroagem incorporada no ladrão ex-presidiário.

  5. Pena que tudo que o Ministro Fachin fizer agora pela Lava Jato, não irá reconstruir a obra de 07 anos de combate à corrupção por ele demolida com uma canetada de 07 segundos, tempo que deve ter sido o que levou para assinar o seu voto. Namastê!

  6. Fácil. 3 x 2 contra Fachin. Um dos afilhados do Bolsonaro vai votar contra ele, juntando-se a Gilmar e Lewandowski, e outro a favor.

    1. O estagiário do Toffoli já sabemos como votará.

    2. passo covarde .. toma vergonha vagabundo comente como um homem ...canalha.

  7. Por tudo que se ver, o Supremo Tribunal Federal perdeu sua Áurea e respeito. Decisões controversas, unilaterais (monocraticas) sem fundamentos incontroversoS. Triste. Homens de currículos medianos e relações pessoais e profissionais incompatives. UMA VERGONHA PRO BRASIL.

  8. Fachin,, pode espernear,, mas a decisão de acabar com todos os processos já esta articulada e definida, o que sobra é circo.

  9. 11 homens e vários segredos !! Pudera : todos indicados … mafiosos nojentos ///e ainda chamam o Brasil de Democracia !! Irão colocar o maior corrupto de volta !! Meu Deus …

  10. Triste, decepcionante e nojento ver sinistros da Suprema Corte da justica brasileira com este comportamento pra frente pra tras, com este teatro manjado de inocentar bandidos, na verdadade tudo isto faz parte da operacao solta ladrao estabelecida por este STF, o pior do mundo em todo tempo. NEM PASSADO, NEM PRESENTE, MORO PRESIDENTE. JAIR e LULADRAO caindo fora.

  11. Teatrinho manjado. O min. Fachin será voto vencido, já sabendo que não irá alterar o placar pró-cachaceiro. Apenas jogo de encenação. Não vos esqueçamos que o min. Fachin já foi militante do PT e fiel escudeiro da ex-presiDENTA inoCENTA dilmANTA. ___ BOLSO, a última TRINCHEIRA contra o comunismo que nos ronda diariamente. __ Alfafa? ... Quem quer alfafa! ... 😁😁

Mais notícias
Assine agora
TOPO