Divulgação/Prefeitura de Campos

Diálogo mostra como delator grampeou ex-secretário de Cabral

17.01.20 19:19

Uma gravação entregue pelo empresário e delator Daniel Gomes ao Ministério Público Federal mostra o ex-subsecretário de Saúde do Rio César Romero contando como grampeou o ex-secretário Sérgio Côrtes (foto) para conseguir fechar um acordo de delação premiada com a Lava Jato fluminense antes dele.

A conversa gravada por Romero com Côrtes foi uma das provas apresentadas no termo de colaboração assinado com o MPF, em março de 2017, e que resultaram na prisão do ex-secretário de Saúde do governo Sergio Cabral no mês seguinte, na Operação Fatura Exposta. No áudio, Côrtes aparece combinando com Romero uma versão a ser apresentada aos procuradores para esconder alguns pontos do esquema de corrupção dentro da secretaria.

Na nova gravação feita por Daniel Gomes, delator da Operação Calvário, César Romero conta para o empresário e representante da Cruz Vermelha no Brasil como agiu para grampear o ex-chefe, combinando versão com Cortês, para depois oferecer o material para a Lava Jato. Segundo o diálogo transcrito pelo MPF, o ex-subsecretário estava com dificuldade em assinar o acordo e descobriu que Sérgio Côrtes também negociava uma colaboração.

Veja a transcrição da conversa entre Daniel Gomes e César Romero feita pelo Ministério Público Federal no pedido de rescisão do acordo de delação do ex-subsecretário de Saúde e de prisão preventiva dele.

César Romero: Terça-feira a gente chegou lá para assinar, mudou tudo, o cara falou: “não você tá condenado a 15 anos, seu patrimônio é muito grande, não sei o quê, pra você, pra fazer a delação com você, você tem que abrir mão, entregar todo o seu patrimônio e vai ter que ficar pelo menos três anos preso…”, o cara veio com uma conversa que mudou da água para o vinho. Eu saí de lá, aí pegue… e eu saí de lá com a impressão que se eu dissesse “eu topo”, o cara não ia assinar. Comecei a mexer nos meus pauzinho daqui, no meus pauzinho dali,
descobri que Sérgio tá negociando delação premiada.

Daniel Gomes: Eita, merda, eu fiquei sabendo também.

César: Mas tá mesmo, tava tentando. Aí liguei pra ele, “Sérgio, que história é essa de delação premiada? Se for fazer alguma coisa antes a gente tem que combinar, porque eu também tô pensando em fazer, pra um não falar uma coisa, outro falar outra se não vai dar merda pra todo mundo”, ele falou: “tá eu vou ver e vou falar com você”, desligou grosso, não sei o que. Quarta-feira, isso na terça, na quarta-feira… ele, perdão na quinta-feira, na quarta-feira à noite o meu primo
Serginho, sabe quem é? Trabalhou comigo na secretaria, irmão da mulher do Sérgio, trabalhou comigo um tempão…

Daniel: Não sei.

César: Foi lá em casa pra tentar alinhavar alguma coisa do que eu falaria pro Sérgio, do que fosse aquilo, seria bom falar e falou que um dos Procuradores falou que eu tava fazendo a delação, que já ia assinar na terça-feira. Aí saiu de lá e assim uma hora, duas horas de conversa, tudo gravado. Sérgio chegou quarta-feira, quinta-feira no meu escritório de manhã pra conversar.

Daniel: Ele mesmo.

César: Ele mesmo. Sentou já meti pra gravar, gravei a conversa toda, ele dizendo que ele queria combinar comigo pra falar a mesma coisa pro Ministério Público, que era pra poupar o Miguel Iskin,porque não tinha como ligar Miguel Iskin com as empresas A, B, C, D, falou nome de empresa, falou tudo… que a minha história, que eu não tinha como provar, que era ligar Miguel à essas empresas. Sérgio ligou na gravação, aí mas tinha uma exigência pra eu fazer isso, ele ainda quis exigir pra eu fazer a delação com ele, eu nunca pensei fazer
delação com ele, a ideia era…

Daniel: Claro, como a tua deu zebra, tu…

César: Que eu fizesse com advogado dele. Eu falei: “Sérgio, meu advogado é o Figueiredo Basto, é o cara mais… ele fez 50 delações dessa da Petrobras, conhece tudo dessa porra, não vou abrir mão do meu advogado, se o seu quiser fazer junto…”, “não, meu advogado falou que não se dá com o seu advogado, só faz junto se você fizer junto com o meu”. Eu falei: “então vai ficar difícil”, porque eu já tinha gravado o que eu queria gravar, liguei pro meu advogado, partiu Ministério Público, mostrei a conversa pra Sérgio, querendo sonegar informação, combinar delação premiada, não sei o quê, na mesma hora os caras: “você me dá uma cópia dessa gravação?”, eu falei: “se a gente assinar a delação premiada eu dou”, “não com isso eu vou pedir a prisão dele, porque isso é obstrução da justiça”.

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  1. Meu estado do Rio está frufru com essa politicagem é difícil escolher um que não seja ladrão, fica difícil até pra redação escolher uma foto, olha Rosinha corrupta e a matéria não tinha nada a ver com ela.

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